A VERDADE SEMPRE APARECE!
Dinah Ribeiro de Amorim
Maura era uma jovem sonhadora, romântica,
criando em volta de si um mundo de fantasia e ilusões. Quando conheceu Roberto,
apaixonou-se, achando que ele representava tudo o que uma mulher poderia
desejar na vida. Educado, distinto, boa aparência, situação financeira estável,
de boa índole e uma cultura para ninguém botar defeito. Enfim, o que sonhara
para si a vida inteira.
O casamento se realizou como num conto de
fadas e ela era a mais feliz das mulheres. Assim viveram, sem grandes
problemas, durante quarenta anos. Tiveram três filhos homens, sadios, bonitos e
fortes, estudiosos, realizados, prontos para ocuparem o lugar do pai quando
este resolvesse se aposentar. Viajavam constantemente, sempre que podiam,
ficando Maura, muitas vezes, curtindo
temporadas na praia ou nas montanhas, mesmo quando a família não podia. Levava
amigas ou parentes como companhia. Não via nenhum mal nisso, tal era a
confiança que havia entre ela e Roberto. Seu amor por ele era tanto que se
sentia também muito correspondida.
Roberto, dono de uma empresa de cosméticos,
era um homem muito ativo, possuindo grande número de empregados e amigos. Sua
secretária particular, Nanci, era uma moça excelente e depositava nela muita
confiança, encarregando-a de grande parte do trabalho. Nanci foi se tornando
aos poucos, alguém da família. Grande
amiga de Maura.
De repente, às vésperas das festas do Natal,
quando todos estavam alegres, preparando a casa, Roberto tem um mal súbito no
trabalho, vindo a falecer. Foi uma
correria danada e espanto geral!
Maura, então, achava que isso nunca iria
acontecer. Justo ele, tão querido, tão moço ainda, tão radiante, cheio de
planos, e, nas vésperas do Natal. Não se conformava! Não poderia estar
acontecendo com ela!
A pedido dos filhos, prepara uma cerimônia
fúnebre digna de um homem de bem! Aparecem vários amigos e recebem muitos
cumprimentos.
Acontece, para surpresa geral, a presença de
Nanci, a secretária, toda de preto, como se fosse a própria viúva, chorando
convulsivamente ao ver o caixão, sofrendo um leve desmaio, socorrida a tempo
por um filho jovem, mais ou menos da idade dos filhos de Maura e Roberto e,
muito parecido com eles. As duas mulheres se entreolham e Maura, com
desconfiança e dor, descobre a verdade. Eles foram amantes! Com certeza, aquele
filho era também dele, do marido que julgara sempre fiel e verdadeiro.
Mais tarde, ao passar o velório, é lido o
testamento e Roberto deixa uma parte de seus bens para o filho de Nanci,
afirmando também ser seu filho.
Foi grande a decepção da esposa, após tantos
anos de ilusão de um casamento maravilhoso, demais para ser real e verdadeiro.
Com o tempo, aceitou a situação e perdoou seu
marido, sabendo agora que, neste mundo, felicidade completa não existe! Só na
cabeça dela!
Nenhum comentário:
Postar um comentário