QUANDO O DESTINO MUDA A VIDA DE UMA
PESSOA!
Dinah Ribeiro
de Amorim
A rapariga desceu do
ônibus na cidade grande e barulhenta. De ruas lotadas onde a moça era empurrada, sem saber
direito aonde ir nem como agir. Apavorou-se!
Vinda do nordeste, filha de um fazendeiro
abastado, brigara com a família e fugira para São Paulo.
Sonhara com nova vida, emprego, sucesso e
vingança. Para isso contava com sua prosperidade. Voltaria um dia, rica e
feliz.
Algumas primas já moravam aqui e achou que
seria fácil encontrá-las.
Qual nada! Ficaram de esperá-la na Rodoviária,
mas olhava, olhava e não as via. Quem sabe entendera o endereço errado.
Andou, em voltas sem saber o que fazer. Procurou
uma pensão para pernoite. Seu dinheiro era pouco, mas para isso daria.
No dia seguinte, saiu à procura de um
emprego. Possuía alguma instrução, boa aparência, só que experiência mesmo,
nenhuma. Seu pai era daqueles homens que não deixava mulher fazer nada, ainda
mais filha dele. Alguns servicinhos de casa e, nada mais!
Procurou muito pelos arredores, balconista,
vendedora, recepcionista, arrumadeira, chegando à conclusão de que seria melhor
se empregar em casa de família. Serviço caseiro fazia! Bateu em várias portas,
gente rude, gente boa, mas todas exigiam referências, carteira de trabalho, o
que ela não possuía.
O dinheiro foi acabando e o emprego não
chegava. Terminando a moça sentada num parque, de mala na mão.
Permaneceu dois anos nas ruas de São Paulo.
Para banheiro e banhos, dependia de garagistas em postos de gasolina, que a
deixavam ficar algumas horas. Comida era disputada nas latas de lixo dos hotéis e restaurantes, e
se impressionava com o que era jogado fora!
Bonita ainda, apesar de ter perdido uns vinte
quilos, poderia ter tentado prostituição, mas a educação que recebera e a fé
num Deus que ainda não morrera a impediam.
Numa tarde, depois de conhecer todos os
dissabores da rua, quando o desespero aumentou, parou para dormir numa calçada
da Avenida São João, quando ao seu lado, viu uma senhora rica, bem vestida,
desesperada porque seu carro havia parado bem ali, com pneu estourado.
Com dó, prontamente se dispôs a ajudá-la.
Trocou o pneu, até isso já sabia, e a mulher, satisfeita, gostando do seu
jeito, começou a interrogá-la.
Soube de sua triste história e a levou para
casa. Estava precisando mesmo de alguém. Ela foi, aos poucos, mudando de vida.
Melhor alimentada, dormindo bem, vestindo-se
com roupas novas, sua aparência realçou a beleza escondida, fazendo com que sua
benfeitora, Dª Ana, casada com rico industrial, lhe arrumasse emprego melhor
dentro da empresa, como secretária.
Não demorou muito e, um dos diretores da fábrica,
encantado com ela, apaixonou-se
pedindo-lhe em casamento.
Ela aceitou de pronto. Passa a ser uma madame, rica, proprietária de
imóveis, cheia de jóias, presentes, viajando com o marido pelo mundo todo. Só
de sapatos, um armário cheio.
Mas, sempre há um mas na vida da gente. Ela não consegue esquecer a vida que levou na
rua, principalmente quando via da janela de seu rico apartamento os pobres
moradores das calçadas, sem tetos, achando no íntimo que deveria fazer algo por
eles também. Começa a ter crises de consciência e resolve tomar iniciativas,
para desespero do marido.
Empenha seu dinheiro numa obra assistencial
aos mendigos de rua, procurando dar-lhes banho, comida, alguma instrução ou
aprendizagem para que pudessem arrumar trabalho.
O marido, aborrecido no início, termina
ajudando-a até que surge o “Clube de Mães do Brasil”, uma ONG sem fins
lucrativos, com auxílio de algumas empresas. À custa de muitas palestras dadas
com objetivo de ajudar o próximo!
Essa ONG cresce, torna-se conhecida,
atendendo e melhorando a vida de muita gente.
História real, que o destino ou Deus quis
realizar, através dela. O nome da rapariga: Maria Eulina Reis Heilsenback, um
dos meus tipos inesquecíveis!
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