
AS ROSAS DE FREI HUMBERTO
M.luiza
de C.Malina
A
igreja da região há muito estava sem um pároco. A chegada de Padre Humberto foi
manifestada pela ardorosa população feminina com braçadas de flores.
Frei
Humberto estava na média de seus viçosos 38 a 42 anos no máximo. A forte
tendência em angariar fundos e fiéis para o próprio sustento da igreja, e o
propósito de auxílio aos necessitados, garantiu-lhe a escolha da pacata vila.
O
dia a dia era dividido com um coroinha, uma governanta e um cachorro. Ambos
moravam em um anexo da casa paroquial. O frei percebe a rigidez de controle de
Emengarda que extrapolava suas incumbências.
No
vasto quintal, o ele resolve incluir na horta um pequeno canteiro de rosas e
flores para enfeitar o altar. Tão belas se tornaram, que, as fiéis pediam uma
“mudinha” da rosa.
Porém,
com o passar dos meses, o padre percebe que os pés de rosa estavam murchando.
Aduba sem que nada se resolva. Comentam entre as fiéis que é “olho gordo”. Até
ele passa a crer na superstição. Certa manhã observa o cachorro lambendo a
terra. Retira um punhado e a leva para analise numa fazenda próxima.
O
agrônomo, velho experiente, chama o fazendeiro mostrando-lhe o punhado de terra
dizendo em tom de deboche:
-
Veja o que temos aqui. A revanche começou!
Ambos
riram. O fazendeiro cumprimenta o padre com tapinhas nas costas.
-
Ora, ora! Estava demorando. O aguardávamos há muito. Sabe como é, padre novo e
novinho em folha. A mulherada toda se alvoroça em seus préstimos.
-
Sim. Elas são muito atenciosas, principalmente Emengarda.
-
Emengarrrrrda! - Diz o fazendeiro, e continua - Hahaha! Os dois riem muito, pedem desculpas ao padre
e explicam:
-
Com todo respeito a sua vocação, mas o senhor precisa saber de alguns boatos
que correm para o senhor poder sobreviver. Emengarrrrda é uma bruxa. Bonita,
não envelhece nunca. Faz poções milagrosas para conquistar os homens e o que
sobra joga nas plantas para que o pároco vá embora. Aliás, o senhor já provou o
chá de calcinhas que ela faz? Deve jogar nas suas rosas...
Frei
Humberto abaixa a cabeça, pede licença e volta para a Igreja. Arruma as malas.
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