MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
Dinah Ribeiro de Amorim
Fui designado para aquela
rua, uma igreja antiga, quase inexistente, com poucos fiéis. Pastor iniciante
em preparação para novos ministérios.
Aos poucos, promovi reuniões e cultos,
fazendo um reconhecimento ligeiro dos habitantes da região e frequentadores da
igreja.
Algumas senhoras dedicadas ainda movimentavam
o trabalho ministerial e conseguiam alguns frutos: novos adeptos, pessoas
sofridas em busca de ajuda, visitas a alguns hospitais e residências.
Com isso, conheci pessoas boas, sensíveis,
com vontade de servir ao próximo, mas também pessoas más, debochadas,
angustiadas e deprimidas, cheia de vícios e pecados, necessitando de auxílio e
negando-se a isso.
Chamou-me a atenção um senhor idoso,
conhecido como Paulino, quase nosso vizinho, dando voltas diárias pela manhã. Muito
carrancudo, cabisbaixo, sem cumprimentar ninguém, não respondendo quando era
abordado, de mal com o mundo!
Interessei-me por ele, sem saber bem por que,
talvez alguma intuição ou vontade divina. Coloquei-o em minhas preces
e deixei-o nas mãos de Deus.
Qual não foi minha surpresa quando, após
algumas semanas, meses talvez, numa manhã, procurou-me querendo conversar.
Atendi-o prontamente e escutei a sua história!
Sempre fora um homem bom, honesto,
trabalhador. Casara-se muito jovem com a mulher que achava ser dos seus sonhos,
percebendo logo seu grande engano. Gênio terrível, reclamava de tudo,
criticava-o em seus atos, nada a contentava ou satisfazia. Era fervorosa, frequentadora
de igrejas, não colocando em prática o que ouvia! Não percebia seus erros,
julgando-se sempre certa! Com o tempo, cansou-se dela, dormindo num quartinho
dos fundos da casa, úmido e embolorado, sentindo-se feliz assim mesmo, pois lá,
no seu canto, sentia paz!
Acabou pegando uma arritmia cardíaca que o
atormentava até dormindo e, de vez em quando, passava uns tempos internado no
hospital local!
Por incrível que pareça, adorava aquele
ambiente, quando era bem tratado por pessoas delicadas e atraentes, não
desejando ir embora.
Numa dessas internações, começou a desejar
que sua esposa, Dulce, morresse. Chocado consigo mesmo, pois, sempre teve bom
coração, afastava esse pensamento, mas o inimigo de nossas almas, sempre à
espreita de alguém, pois seu intuito é: matar, roubar ou destruir, fazia com
que esse pensamento sempre voltasse!
Paulino começou a invocar um anjo do mal, na
realidade, um demônio, anjo caído e que faz o mal não é mais anjo. Apareceu-lhe
um companheiro de quarto que mexia com obras malignas e era fazedor desses
tipos de trabalhos. Pediu-lhe para fazer uma reza que causasse a morte de sua
mulher! Não sentiu remorso, tal era o rancor
e a mágoa acumulados, que sentia de Dulce, através dos anos!
O mal também tem muita força nesse mundo,
quando não nos apegamos ao bem! Paulino, chegando em casa, encontrou sua mulher
caída, vítima de um repentino ataque
cardíaco, sem socorro e atendimento.
Morreu só!
Sentiu um alívio enorme! Tomando as
providências para enterrá-la com um leve sorriso nos lábios e uma conformação
que espantou a todos os vizinhos e amigos. Mal sabiam o que ele sentia!
Passados alguns meses, começou a não dormir
direito, ter frequentes ataques de fúria, pesadelos incríveis com pessoas más
querendo atingi-lo, feri-lo, ou usá-lo para seus serviços. Sua vida virou um
inferno! A paz que tanto almejara, transformou-se em sentimentos de medo,
remorso, angústia, depressão. Chegava a pensar em suicídio muitas vezes e pedia
agora a Deus ou a seus anjos que o levasse também, como a Dulce.
Estava explicado o seu comportamento
estranho, pensei eu, conhecedor de tantos casos semelhantes a esse e já
acreditando em sua transformação. Expliquei-lhe que, para limpar ou curar
feridas, mágoas de corações, ações diabólicas feitas, só havia um caminho:
arrependimento, pedido de perdão e mudança de atitude e caminho: Jesus Cristo!
O único que perdoa o nosso passado, esquece o que fizemos e nos dá uma nova
vida!
Peguei uma Bíblia e mostrei-lhe várias
passagens do apóstolo Paulo, narrando sua vida e transformação com sua fé em
Cristo.
Paulino, com lágrimas nos olhos, ajoelhou-se
e pediu perdão a Deus pelos seus erros, desejando aumentar sua fé e mudar
ardentemente seu coração, iniciando um processo de cura e libertação.
Continuei lendo para ele: “Quanto ao trato
passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as
concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e
vos revistais do novo homem, criado por Deus, em justiça e retidão procedentes
da verdade!” (Ef 4: 22 a 24).
Vi sair da igreja um homem diferente,
alquebrado de dor e remorso, mas com certa
luz no olhar de esperança e renovação.
O tempo também cura, bendito tempo criado por
Deus! Paulino transformou-se em novo homem, auxiliando-me em atendimentos de outros processos de cura e libertação que haviam na região.
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