O
BOM PATRÃO
Maria Luiza C.Malina
As escavações de
aprofundavam a cada dia, sob os olhares atentos de Oscar. Os mineiros, assíduos
funcionários, vibravam com as esteiras recheadas de pedras.
Os olhos de Oscar
deparam-se, à distância, com o brilho intenso de uma pedra cristalina que
ofusca a visão. A cegueira lhe toma por uns instantes.
Ouve murmúrios
indecifráveis. Ao tentar entendê-los, aparece-lhe um anjo, que o toma pelas
mãos. Mostra-lhe como a um filme, a catástrofe que está por chegar. Aponta-lhe
a pedra na esteira, sugerindo que isto lhe bastaria e, aos funcionários, pelo
resto de suas vidas.
Sentando, com as mãos entre
a cabeça, o torpor e a cegueira, aos poucos se esvai. Os mineiros, à sua volta,
o chamam preocupados.
Oscar os observa com a
alma enternecida, abraçando os mais próximos. Ordena que, rapidamente,
depositem o material coletado nos veículos apropriados e que se retiram, o mais
rápido possível, das proximidades.
Oscar ofegante transpira
intensamente, não se afasta do local. Cronometra um tempo incerto do aviso, em
forma de intuição. Ao término, reúne a equipe e lhes avisa que, a féria do dia
fora muito boa, recompensa-os com a folga do restante da semana e pagamentos
antecipados.
Alegres afastam-se. Uma
grande explosão foi ouvida. O silêncio atônito paira no ar. Oscar cai de
joelhos. Agradece aos desatentos murmúrios que lhe acompanhavam e não entendia.
A mina desativada é
inundada. As pedras, em seu interior, refletem as asas de um anjo. Recebe o
nome de GRUTA DO ANJO.
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