A
CASA MALDITA!
Dinah Ribeiro de Amorim
Logo na entrada da cidade
de Ourinhos, à beira da estrada, havia um sobrado vazio, imenso, semelhante a
um castelo! Cheio de mato e ferrugem nas grades, afirmava o povo que foi construído,
há muito tempo, por uma família conhecida e, palco de um grave crime entre
irmãos, não aparecendo ninguém para reclamá-lo, depois disso. Tornou-se um
lugar abandonado e assustador.
Todos tinham medo de passar por ali e os
carros, quando precisavam, aumentavam logo a velocidade!
Diziam que, à noite, escutavam barulhos
estranhos e, os mais chegados, afirmavam verem os objetos da casa voando. Não
apareciam pessoas nem fantasmas lá dentro, mas tudo se mexia, mudando de lugar!
De manhã, voltava ao normal, com os primeiros raios de Sol.
Haviam chamado muitos padres, benzedeiras,
exorcistas, mas nada resolveu!
Um dia, apareceu na cidade uma visitante,
corajosa e curiosa, resolvendo visitar a casa tenebrosa, ao anoitecer, para
constatar se era verdade tudo que falavam. Não acreditava muito em crendices e
lendas!
Quando o sino da matriz bateu meia-noite, o
sobrado estremeceu e todos os objetos: sala de jantar, cozinha, área de
serviço, começaram a voar, uns em direção aos outros, como se estivessem
brigando entre si.
A mulher, espantadíssima e horrorizada, não
se mexia do lugar, tal era o seu pavor!
Permaneceu por alguns minutos assim, quando
recebeu uma panela bem em cima da cabeça. Um prato, de fina porcelana,
quebrou-se no seu nariz, começando a sangrar imediatamente! Percebeu que o alvo
principal, agora, era ela e fez menção de correr. O salto do seu sapato
predileto partiu, impedindo-a de andar.
O medo foi, então, sendo substituído por uma
raiva intensa e, de sapato quebrado, nariz machucado, cabeça inchada, resolveu
atacar seus inimigos, espíritos maus ou não! Amaldiçoando-os, devolvendo tudo
que vinha em sua direção, ameaçava-os de serem “transformados em porcos e
jogados no abismo do inferno!” “ Um grande abismo...”
Fez-se, de repente, um silêncio sepulcral!
Aos poucos, tudo voltou ao lugar, tornando-se a casa maldita uma habitação
silenciosa e calma. A senhora, que nem sabia direito a força que suas palavras
possuíam, chama os amigos para entrarem. Visitam a casa toda e os objetos não
mais voam nem brigam entre si.
O barulho e a movimentação desaparecem, sendo
a casa leiloada pela prefeitura, demolida e transformada em linda creche para
crianças pobres!
Esse foi um caso que o povo local não soube
explicar e, até hoje, muitos acham que não é verdade, mais uma lenda que os
velhos contam...
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