Perdidos
na tempestade
Jany Patricio
Era
final de tarde, quando uma tempestade acompanhava o carro dos Andrade.
A
chuva não dava trégua para os limpadores de para-brisa, que já estavam exaustos
do vai e vem que com muita dificuldade permitia a visão da estrada para o
condutor do veículo.
Marcos dirigia com os olhos atentos quando os faróis
iluminaram um rosto de mulher que protegia os olhos da claridade com as mãos.
Estavam numa curva. O carro derrapou e virou. O casal conseguiu sair. Estavam
na frente de um castelo. Trovões ensurdecedores. Os raios pareciam ser atraídos
para a torre principal da fortaleza. Abraçaram-se encharcados e feridos. Sem
alternativas bateram à porta. Ninguém abriu. Insistiram.
Ouve-se um rangido. A imponente porta abre-se. Escuridão.
Passos na escada. É alguém descendo com uma lamparina. Uma mulher. Estela
aperta fortemente as mãos do marido que reconhece o rosto da estrada. Dá um
passo para trás levando a esposa.
Estrondos de trovões empurram o casal para dentro do castelo.
A porta se fecha. A lamparina se apaga. Cessam os trovões e raios. Silêncio.
Ao longe badaladas do sino do vilarejo. Marta perde a
respiração e se agarra em Marcos.
De repente se acende a luz de deslumbrante candelabro de
cristal no centro da sala e de relance a silhueta de mulher se esvanece no
final da escada.
Tentam sair mas a porta está travada.
- Estou sangrando Marcos.
- Precisamos cuidar deste ferimento. Tem alguém aí?!
Um assobio ensurdecedor e a porta se abre com o vento.
- Vamos sair daqui! – disse Marcos.
Correram até a estrada onde passava um caminhão que carregava
tijolos. Acenaram.
- Que fazem por estas bandas? Dizem que este lugar é mal
assombrado! – disse o motorista.
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