Sorrir para a vida
Jany Patricio
Todas
as manhãs Alfredo recebia em sua
mercearia o pão quentinho, deixado pelo entregador da padaria e em seguida
abria suas portas para atender os seus fregueses.
Pedrinho,
nos seus passos rápidos, sorriso franco e olhar esperto aparecia sempre para
comprar o pão e o leite. Passava
pela prateleira de doces, olhava, mas nunca levava nenhum.
Um
pouco mais tarde ele sempre era visto passando com sua maleta escolar pela
calçada da mercearia e seguia feliz. Voltava
da escola por volta do meio-dia.
Um
dia, Alfredo, percebendo que o garoto sempre passava com um olhar fixo nas
prateleiras, o chamou e ofereceu-lhe um dos seus doces, mas, para sua surpresa
o garoto recusou o presente.
Naquela
mesma tarde Pedrinho passou contente levando uma caixa de engraxar sapatos nas
costas e sentou-se na praça, onde começou a atender os seus primeiros clientes.
Conversava muito com todos e
tornou-se conhecido e querido na região.
Passaram-se
alguns anos naquela rotina, sendo que
algumas vezes Pedrinho, além do pão e leite, também comprava doces na
mercearia.
Até
que um dia Pedrinho veio se despedir do seu Alfredo, dizendo que ia mudar de
bairro. Seu pai tinha conseguido um emprego melhor e ele iria trabalhar como
aprendiz na mesma fábrica que o seu pai. Ele estava radiante!
Depois
de muito tempo, tendo a mercearia se transformado num minimercado, apareceu um homem, vestido de terno e
gravata, com uma pasta na mão, procurando pelo senhor Alfredo.
-
Bom dia, senhor, disse com um sorriso largo conquistando logo a simpatia do
Senhor. Alfredo.
-
Bom dia, em que posso ajudá-lo? Respondeu.
-
Vim mostrar-lhe estes doces, são muito gostosos e da maior qualidade, disse
sorrindo.
-
Meu amigo, eu já conheço estes doces, e sei que eles têm muita saída aqui no mercado. Mas, por um
acaso, eu já não o conheço de algum lugar?
-
Sim, disse com ar maroto - eu sou o Pedrinho, já morei neste bairro.
-
Meu Deus! O filho do senhor Francisco, que satisfação em vê-lo. Sente-se aqui,
vamos tomar um café.
E
conversaram alegremente, recordando os velhos tempos.
-
Então o amigo agora é vendedor desta empresa! Disse o senhor Alfredo.
-
Eu era, até um mês atrás. Agora sou o novo sócio, mas às vezes faço questão de
visitar pessoalmente os clientes.
Que
maravilha! E continua com o mesmo sorriso de quando era menino Isto confirma
que o grande homem é aquele que não perde a candura de sua infância.
Nenhum comentário:
Postar um comentário