O QUE A VIDA FAZ COM A
GENTE!
Dinah Ribeiro de Amorim
Aurélia é uma mulher madura, uns cinqüenta anos, viúva. Após
algum tempo de economias, consegue comprar um pequeno apartamento no centro,
Av. São João, o que a deixa muito feliz.
Apesar de conviver
com alguns vizinhos de nível inferior ao seu, como é de cor mulata, sofrendo certo preconceito, passa boa parte do dia
tocando piano, pois é professora de música, aposentada.
Recebe também alguns
alunos particulares, completando sua aposentadoria pois, a do marido ainda não
saira.
Com o tempo, começa a
ouvir reclamações sobre o barulho que faz, embora respeite o horário permitido
pelo condomínio.
Até uma carta do
síndico, aconselhando-a a mudar de prédio, chega até ela, pois, as queixas eram
muitas e o entra e sai dos seus alunos colocavam o prédio em perigo. Em pleno
centro da cidade, não tinham porteiro nem zelador e, os assaltos, na região,
eram comuns.
Aurélia vai
modificando sua personalidade, de boa, generosa, crente, transformasse em
vingativa, briguenta, afirmando que não sairia de lá e que o motivo principal
deveria ser ciúmes porque era “musicista”, mais culta que os outros e, “preconceito”,
porque era escura, quase preta, não
sendo suportada pelos vizinhos brancos. (ela achava...)
Começa então, uma
guerra de nervos, quanto mais reclamavam e batiam, mais alto tocava, enquanto o
horário permitia.
Nessa briga, muita
coisa vem à tona: a vida do síndico, que escondia uma suspeita não provada de
um crime cometido em outro lugar, alguns vizinhos clandestinos, de origem
irregular no Brasil e, por aí afora!
Aurélia, satisfeita
com suas descobertas, continua lá até
hoje e seus vizinhos foram se amoldando e deixando de reclamar o barulho, que
nem era tanto assim...
Todos tinham rabo
preso de alguma forma e acharam melhor ficar quietos e deixar “Dª Aurélia”,
“bonita mulata”, “professora de música”, o que era uma “honra” para eles como
vizinha, viver em Paz!
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