RODANDO MACIO PARA
CHEGAR AONDE QUERO!
(PARA-CHOQUE DO CAMINHÃO DE TONICO)
Dinah Ribeiro de Amorim
Tonico era um menino alegre, esperto, brincalhão e, às vezes,
um pouco malandro! Se pudesse enganar alguém para conseguir alguma coisa, fazia
sem dúvida. Adorava dirigir! Seu prazer era admirar caminhões e carros rodando
pela estrada. Pensava: “um dia serei caminhoneiro, terei um caminhão só para
mim!” No momento, contentava-se em dirigir o trator de seu pai, ajudando-o na
lavoura do pequeno sítio que tinham.
Quando cresceu, homem
bonito e forte, muito mulherengo, botando olhos em cada morena bonita do
lugarejo, conseguiu realizar seu sonho: tornou-se empregado de uma fábrica de
tintas da região, guiando o caminhão para fazer entregas nos diversos lugares
do Brasil.
Sua vida era rodar,
rodar e, namorar, deixando em cada parada uma mulher apaixonada, esperançosa,
ansiosa.
Quando retornava das
viagens que fazia, reatava namoro com Rosinha, a moça fixa, escolhida pelos
seus pais e companheira de infância.
O engraçado era que
sua habilidade para convencer e enganar as moças permitia que cada uma se
considerasse a única e não desconfiassem da existência de outras.
Esperavam-no voltar,
saudosas, fiéis, confiando em seu jeitão alegre e extrovertido, trazendo
momentos de felicidade.
Ouvia sempre do pai: ”toma
juízo, filho, casa logo com Rosinha, forma uma família, tem filhos para
herdarem o sítio!’” Nem tenho a quem deixar pois você sai pelo mundo e nem
avisa quando volta!”
_ Tá certo, pai! Um
dia caso e sossego. Por enquanto, vou levando a vida como gosto!”
O tempo foi passando,
as mulheres enganadas aumentando, não conseguia se desvencilhar desse vício.
Qualquer olhar ou ginga diferente, sorriso bonito, ele se atraia e aproximava.
Enquanto não a cativasse, não sossegava.
Eis que um dia,
quando carregava o caminhão para mais uma entrega, sentiu um olhar de uma
mulher muito atraente, bonita ainda, não muito jovem, que o cobiçava, admirando
seus braços fortes e porte atlético.
Fingiu que não percebeu
e continuou seu trabalho, pois a mulher estava no escritório do patrão.
Ela, vendo que ele
continuava sério, aproximou-se lentamente, puxando conversa.
Tonico não se fez de
rogado e deu trela à conversação.
Encantou-se com ela;
de todas as mulheres que tivera, fora a mais insinuante, a que mais desejara.
Como era
correspondido, iniciou um romance meio proibido, às escondidas, pois ela era
casada. Só não sabia com quem!
O romance inicial
passou a ser paixão de verdade. Largou todas as namoradas de fora, até Rosinha
ficou abandonada; não via a hora de chegar de suas viagens para encontrá-la.
Marita era o seu nome. Verdadeira Jezebel, com todos os atrativos e seduções
que um homem pode querer!
Num desses encontros
furtivos, quando ia saindo do quarto de pensão aonde se encontravam, Tonico
depara com três homens fortes, armados, que já vira antes. Eram seguranças de
seu patrão. Sua cabeça dá um estalo: Marita era mulher do seu patrão.
Leva uma surra tão
grande, machucam-no tanto, que fica desacordado por longo tempo.
Quando acorda, está
num leito de hospital, todo enfaixado, com dores, olhando assustado para o
lado.
Quem estava ali era
Rosinha, sempre solidária e fiel, sabedora de tudo e cuidando dele.
Quase morrera se não
fosse ela a socorrê-lo a tempo.
Envergonhado e
arrependido, passa um tempão sem dirigir e ficar bom de vez. Seu coração, em
frangalhos, aprende a não se meter mais com mulher alheia. Nem as outras
mulheres do caminho, interessam-no mais.
Finalmente, vê
Rosinha com outros olhos, não só os da carne, mas do coração. Assim que se
recupera, pede-a em casamento, formando finalmente a família que seu pai tanto
queria.
Ah! Manda mudar a
frase do seu caminhão: “Vou agora com Deus, se você for do bem, pode ir
comigo!”
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