Tiros e trovões
Jany Patricio
Trovões ensurdecedores faziam
tremer as paredes desbotadas da mansão dos Oliveira.
O
brilho dos raios atravessava a cortina ressaltando a dança dos cristais do
candelabro que pendia assustado no centro da sala.
Ouve-se
o rangido da porta de entrada.
Margareth
tira as luvas e joga o casaco encharcado sobre o mancebo. Sobe correndo as
escadas de mármore. Ao abrir a porta do quarto depara-se com a cena.
Sentiu
o coração atravessado por afiada lâmina de um punhal.
Abriu a
bolsa. Sacou a arma e desfechou o primeiro tiro atingindo Carlos, que atônito
levou a mão ao peito e pendeu nos lençóis bordados e alvos e que agora
manchavam-se de um vermelho quente.
Carmen
gritou aterrorizada. Recebeu o impacto do segundo tiro. Cambaleou. Seu olhar e
gestos súplices não comoveram as mãos nervosas que seguravam o revolver. O
terceiro, quarto, quinto tiros. Restava apenas uma bala.
Margareth
parou. Viu os corpos dos amantes caídos à sua frente.
A mão agora
segurava a arma com firmeza e sem remorso.
Um
último tiro. Concentrou o olhar no marido. Acionou o gatilho.
Soltou
a arma no chão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário