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ESTAÇÃO E SUAS HISTÓRIAS!
Dinah Ribeiro de Amorim
Costumo passear a tardezinha, pela minha
cidade pequena, interessante, gostosa, descansando os pés na humilde estação de
trem, com seus horários de intervalos longos, observando pessoas indo e vindo.
O apito do trem é emocionante, trazendo novidades, caras novas, gente amiga ou
não.
Numa dessas tardes, estando sentada e
meditando nos rumos que as nossas vidas tomam,
lembrando fatos antigos, o trem apita ao longe avisando a hora da
chegada. Minha atenção se volta para ele, louca para ver quem chega ou vai!
Curiosa, percebo um homem bem vestido,
estranho, que desce meio indeciso, olhar esgazeado, não se fixando em nenhum
ponto determinado. Aparenta juventude ainda, mas seu caminhar é lento, sem
pressa, não sabendo direito se vai ou fica.
Chama a atenção de quem o observa e é morador
antigo da cidade.
De repente, encaminha-se para os trilhos do
trem, obedecendo-o. Obedecer as linhas da estrada de ferro parece ser decisão
mais certa. Estranho! Não deve ter mesmo para onde ir. Bolsos cheios, recheados
de dinheiro, percebe-se quando coloca a mão e conta suas notas. Para um pouco,
abre o paletó, retira de dentro uma carteira e confere cartões de crédito, como
se estivesse preocupado em perdê-los.
Com certeza, algo estranho se passa com ele!
Preocupada, chamo o chefe da estação e o aponto, como lugar de perigo para
andar.
Pacientemente, nosso dirigente segue até ele
e o traz de volta, afirmando que informará a família sobre sua chegada. Fico
sabendo, então, que acabara de sair de um sanatório, obtendo alta e voltando
para casa. Pertence a uma família conhecida na cidade e passou por uma ameaça
de sequestro, tendo sofrido um abalo nervoso e sido internado às pressas!
Isso explicava seu comportamento estranho,
olhar distraído, indecisão ao voltar.
Compadecida, interessei-me por ele, achando
que daria uma boa história! Tive vontade enorme de conhecê-lo melhor!
Gosto muito de escrever e isso seria um conto
atual no mundo de hoje, nas grandes cidades.
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