O
BOSQUE DESENCANTADO!
Dinah Ribeiro de Amorim
Joãozinho era um menino muito curioso e
queria entrar a todo custo na mata virgem, fora da cidade, embora seus amigos o
desaconselhassem. Diziam que era habitada por uma feiticeira má e poderosa, temida até pelos bichos mais
ferozes.
Mas, o menino, além de curioso, era muito
teimoso e, numa tarde quente, cheia de raios brilhantes de sol, resolve entrar
nessa floresta e enfrentar suas dificuldades. Começa a achar tudo muito bonito,
com árvores floridas e risonhas, pássaros cantores voando entre os galhos,
bichinhos animados como macaquinhos pulando à sua frente. Pareciam querer avisá-lo de alguma coisa!
Caminhando mais, verifica que o ambiente
natural se transforma aos poucos, tornando-se difícil, escuro, amedrontador! Os
raios luminosos que vinham do céu, agora, assemelham-se a nuvens negras e
pesadas, como se o entardecer prometesse uma tempestade de ventos , grossas
chuvas e raios!
Vai em frente assim mesmo e quase é picado
por uma serpente enrolada num galho, esverdeada como uma folha!
Escuta, mais adiante, um som mavioso, que o
atrai como um chamado. Indo em sua direção, depara-se com uma bela e estranha
mulher, sorrindo e chamando-o: “Aproxime-se de mim, querido!” “Gostaria de
conhecê-lo melhor!”
Joãozinho percebe que deveria ser a tão falada
“maga” da floresta. Não parecia ser tão horrível assim!
Chega perto e, ao abraçá-la, recebe uma
delicada mordida no pescoço, como se fosse um beijo!
Fica pálido e sente-se desfalecer aos poucos.
Descobre, então, o segredo da vida da feiticeira: renovava-se através do sangue
humano, como um vampiro, daí sua eterna
existência naquele bosque.
Infelizmente, não tem tempo de contar aos
outros. Perde a vida, envenenado pelos seus dentes e ouvindo uma gargalhada
satisfeita.
O cântico mavioso cessara!
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