NEM
TUDO É SONHO!
Dinah Ribeiro de Amorim
Rita, era uma dedicada estudante de artes quando teve seu momento de
glória ao receber bolsa para estudar na Itália nas históricas cidades de Roma, Firenze, Veneza, Verona.
Encantada, começou pela Antiguidade de Roma,
por suas muralhas e construções que ainda resistiam.
Juntou-se a um grupo de
excursionistas, liderados por um guia. Caminharam muito, sob sol escaldante, e,
absorta que estava, perdeu-se da turma. Enveredou por uma rua estreita à
procura de seu grupo. Quanto mais andava, mais se perdia. Terminou defronte a
uma pesada porta de ferro, ladeada por velhas e altas paredes com janelas
aparentemente bem fechadas.
Ao tentar entrar a porta não ofereceu nenhuma
resistência. Lembrava um antigo
convento, um lugar escuro repleto de celas gradeadas.
Movida pela curiosidade,
caminhou um pouco mais, e notou grande vazio, paredes esburacadas, ar
rarefeito, com pouca ventilação. O odor de mofo tomava conta do ambiente. De
repente, lhe veio a ideia de que parecia mesmo uma prisão, e não convento. Ao
fundo, via-se uma escada e uma réstia de
luz, que vinha do andar de baixo. Impulsionada pelo desejo de saber mais
sobre aquele estranho lugar, desceu lentamente as escadas de pedras gastas, viu
que era um salão repleto de máquinas e objetos de tortura, por todos os lados.
Ouviam-se vozes que vinham de longe, gemendo,
chorando. Ruídos identificados como sendo de correntes que se agitavam, e
barulhos de algemas.
Assustadoras,
as vozes gritavam como se a pele estivesse queimando ou a carne
perfurada por lanças pontiagudas. Outras, de outro lado, gargalhavam
satisfeitas.
Rita estava com medo, e tinha vontade de
correr dali. Mas ouviu o forte estrondo da porta que batera, fechando-se.
Seu rosto molhou de suor. Ela precisava
correr.
Mas, mãos invisíveis a seguravam, impedindo-a
de se mover.
Lembrou-se do crucifixo dado por sua mãe que
sempre trazia ao pescoço e, segurando-o com força, fez uma oração.
Passados alguns minutos que lhe pareceram
séculos, Rita conseguiu andar em direção à escada e chegou ao andar superior.
Trêmula, percebeu uma fresta numa das velhas
janelas. Forçou-a e a janela se abriu. Rita pulou imediatamente o balcão e
seguiu trôpega para a rua.
Encontrou seu grupo preocupado. Os colegas
vieram logo procurá-la.
Diante de seu nervosismo e espanto, afirmou o
guia que aquilo fora mesmo uma prisão antiga, com torturadores agindo em nome
do poder. Um cemitério de pessoas vivas
na Antiguidade!
No dia seguinte, Rita ainda estava muito
triste e preferiu descansar no hotel, restabelecendo-se do susto que levara!
Seu amor à antiguidade havia sofrido um baque e, de repente, lhe veio uma
vontade enorme de voltar ao Brasil.
Nesse período, conheceu Pietro, um charmoso
italiano, também estudante de artes, que já havia tido as mesmas experiências
que ela na velha prisão e, isso, confortou-a um pouco. Disse ele ser normal o
que ela havia escutado! Isso acontecia com todos que a visitavam –na pela
primeira vez. O lugar era maldito, mesmo!
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