CAVALHEIRO INCÓGNITA
Carmen Lucia Raso
Ao final de algumas
tardes gostava de pescar no tranquilo
açude que ficava pela vizinhança. Ia com certa frequência, e via passar uma
camionete guiada por um perfil bonito de homem. Um deus grego. Sempre com a
cabeça coberta por um boné.
Tinha curiosidade de
saber aonde iria aquele cavalheiro motorizado. Estaria voltando do trabalho,
visitando algum amigo, parente ou a mãe? Passei a ir para o açude sem ter tanto interesse nos peixes,
mas apenas em vê-lo passar pela estradinha quase deserta.
Há meses, eu o via passar e sonhava com o ilustre
desconhecido.
Imaginava-o parando
para sentar ao meu lado, sentia seu cheiro, imaginava sua voz.
Até que um dia aconteceu,
como se um gênio atendesse meus desejos. Ele estacionou perto de onde eu estava, olhou de maneira
cautelosa para os lados, e desceu. Seguiu devagar, caminhando em minha direção. Meu coração saltava no peito. Fiquei
embaraçada de vê-lo de tão perto.
-Posso me sentar ao
seu lado e pescar com você?”
-“Sim, nobre senhor!”
pensei comigo e ainda: “É mais bonito de perto que de longe.” Ele tinha uma
conversa boa e risonha. E aos poucos estávamos falando de nós e pescando, como velhos amigos.
Minhas dúvidas se
esclareciam aos poucos. Não havia amigos, parente e nem a mãe morando por
perto, passara um dia por ali por engano e isto virou uma constante. Pesquei
logo, eu ia ao açude para vê-lo passar, e ele passava por lá para ver-me
pescar. Confirmou-se então o motivo de usar aquela estradinha ao lado do
açude... Com certeza havia motivo suficiente para passar por aquela estrada!!!
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