Passeio no sítio
Jany
Patricio
João percorria a estrada de terra que o
levaria ao Sítio São Benedito. Havia chovido no dia anterior, e o caminho não
se mostrava fácil para o seu cavalo, Maroto, que se esforçava para não
escorregar. Procuravam desviar dos atoleiros.
Por sorte, o dia estava ensolarado.
Ao aproximar-se do rancho, sentiu o
aroma delicioso do almoço. Frango com quiabo, polenta, tutu de feijão. Os
cheiros se misturavam, aguçando ainda mais o seu apetite, que não era pequeno,
depois de horas de cavalgada.
Ao chegar, desceu do seu cavalo e o
entregou a Jeremias, um ajudante do sítio, que o levou para beber água e ser
alimentado.
No seu alforje, João trazia brinquedos
e guloseimas.
Ao avista-lo, a criançada, que
traquinava pelo quintal, correu ao seu encontro.
Com satisfação ele entregou os
presentes para os sobrinhos que pulavam de alegria e deixou os doces para
depois do almoço.
Sua irmã, Maria Clara, veio abraça-lo e
entraram no rancho. O cheiro do fogão à lenha
envolvia o ambiente, cuja mobília era rústica e os enfeites singelos.
Com os seus cabelos grisalhos e olhar
bondoso, Francisca abraçou o filho que há meses não via. Em seguida, chegou seu
cunhado, Orlando, da lida na roça, e o cumprimentou um firme aperto de mão, que
não era fraco.
João, que estava com uma fome de leão,
finalmente pode saborear aqueles quitutes.
Sentia o seu coração pleno de alegria e
aconchego.
Trouxe notícias da cidade, da sua
mulher Ângela, professora primária, e dos seus filhos, Pedro e Joana que já
estavam aprendendo a ler.
Depois foi passear pelo sítio e chamou
as crianças para um banho de cachoeira.
Voltaram ao cair da tarde.
Os raios de sol cintilavam no
horizonte, quando as primeiras estrelas fulguraram no céu. Era noite de São
João!
Acenderam uma fogueira. Estalos,
labaredas! Crianças correndo, quentão, bolo de milho, pinhão, batata doce,
bandeirolas! Gente dançando ao som da sanfona e trovador!
O céu, forrado de estrelas, assistia a
festança, que não terminou cedo.
João acordou com o aroma do café
acariciando seu rosto.
Era domingo, dia de missa. Tomaram café
e foram para a igreja rezar.
No almoço, leitão à pururuca. Doce de
mamão verde ralado e um cafezinho para arrematar.
Estava na hora de voltar. Depois de
abraços de despedida, lágrimas de dona Francisca, João retornou para estrada,
com seu amigo, Maroto.
No canto do olho uma lágrima, uma
saudade: seu pai.
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