NAQUELA
TARDE, NUNCA É TARDE
Carmen Lucia Raso
E sobre aquela
tarde...
Era tão tarde! Problemas
a parte, resolvi caminhar naquele parque
perto de casa. Tinha que espairecer. Isso que me fazia tão bem! Foi quando me
deparei com o casal, de idade avançada, chorando e se abraçando.
Olhei para a cena tão
comovente, emocionante e me perguntei o que estaria acontecendo. Achei que
podia ajuda-los. A passos lentos, miúdos,
me aproximei. Eles olharam-me nos
olhos como se quisessem repartir o momento, e me deixei envolver pela situação.
Percebi que não havia
dor nas lágrimas deles, elas pareciam ser de felicidade, de alívio até. Tinham
necessidade de contar-me suas histórias.
Ha cinco décadas que
não se encontravam ou se viam, nem se falavam. Foram separados pelos pais quando namoraram
na juventude. Depois disso foram separados também pela vida e pelas
circunstâncias. Cada um seguiu seu caminho.
O amor nunca morreu
no coração de ambos, apenas permaneceu guardado em lugar seguro. Jamais um
esquecera o outro.
Cinquenta anos
depois, ele já tinha bisnetos. Estava viúvo. Ela também.
Com mais de 70 anos encontraram-se
num encontro ou reencontro de almas. Felizes, pretendem resgatar aquele grande
amor. É por isso que choravam. Choravam de amor!
E eu achava que isto
só acontecia em filmes e contos de fada.
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