O ALFAIATE
Carmen Lucia Raso
Ele estava sentado sobre um tapete estendido na grama do seu
quintal.
Fizera muito frio a noite e dentro de casa não estava nada
quente. Precisava se aquecer.
O trabalho dependia de suas mãos e os dedos estavam
esticados e duros.
Pegou uma caneca de café preto, como era de costume e foi
tomando golinhos até o final.
Seu pequeno basset
pretinho, que não era nada agitado deitou-se ao seu lado comendo um biscoito
canino. Deliciavam-se cada um com seu pré-desjejum e Pedro pensava em como fora
sua vida até então, não fora nada fácil.
Homem sério, responsável e justo gostava do que fazia e
agora com idade avançada, filhos formados, já tinha até netos e morava naquela
casa que construíra com agulhas, máquina e dedal.
Sua mulher gritou da janela: -“Venha Pedro, o café está na
mesa!” meio exclamando e meio mandando.
Levantando-se, o homem foi para a copa tomar seu café
nada completo, com frutas,cereais, pães, queijos, frios e café com leite e para
completar, como sempre, o casal discursava sobre a família, compras, o trabalho
e quem viria para o almoço.
Terminado o desjejum Pedro dirigiu-se à sua sala. Ele tinha
de entregar um terno ainda naquele dia, o empresário vinha buscá-lo para levar
a uma viagem de negócios.
Terminou seu trabalho nada minucioso e como de costume
pendurou no cabide personalizado que de praxe dava aos clientes.
Feliz da vida por terminar mais uma tarefa, coçou a cabeça
calva, deslizou os dedos sobre o farto bigode e pensou: “-Minha vida não foi
nada fácil, mas tudo vale a pena “ “-Minha mulher não é nada calma, mas é a
minha companheira!” e ainda: “-Meus filhos e meus netos são o prêmio que recebi
do Universo”.
Homenagem ao meu querido e ido sogro.
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