VELHA
AMIZADE
Carmen Lucia Raso
(ORAÇÃO)
Olhava para o 1º raio
de sol e agradecia a Deus por enxergar.
Ouvia o pio dos
passarinhos e agradecia à natureza por este presente, pois podia ouvir.
Regava seu lindo e
simples jardim e agradecia ao Criador por merecer tão lindo tesouro.
Caminhava até seu
cãozinho dando-lhe a sobra do mirrado jantar. O cão abanava-lhe o rabinho,
pulava fazendo festa e a mulher agradecia aos céus por ter um amigo fiel.
Era dia e aquela
velha senhora sorria.
Pegou uma sacola com
um pequeno pedaço de sabão, toalha rota, quase rasgada e mais um pedaço de pão.
Se pôs a caminhar até que chegou a uma casa vizinha a alguns quilômetros dali.
Maria entrou e não
pediu licença, foi direto aquele quarto onde um corpo mais velho que o seu
esperava contente. Abriu a janela deixando o sol entrar. Pôs bastante água no
fogão a lenha pra esquentar.
Coou um bule de café,
esquentou o leite que trouxera de sua vaquinha Mimosa.
Encheu a bacia com
água temperada e banhou o corpo de sua velha amiga e vizinha.
Trocou a mulher e a
roupa de cama. As duas se puseram a rir lembrando-se das peraltices de criança
enquanto tomavam café com leite e pão. O
amor que sentiam uma pela outra se espalhava pelo ar.
Com dificuldade a amiga
se cobriu com o pano que lhe servia de lençol e a velha coberta, pegou na mão
de Maria fazendo a Deus uma prece de agradecimento por tudo o que já vivera e
da amizade que Ele lhes concedera.
Fechou os olhos de
mansinho e sorriu um derradeiro sorriso e se foi para sempre.
Maria a abraçou e
disse adeus olhando para os céus através da pequena janela da casa e para
dentro de si agradecendo por poder ajudar.
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