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sexta-feira, 19 de julho de 2013

A MAQUININHA DO SONHO - Paulo Rogério Pires de Miranda




A MAQUININHA DO SONHO
Paulo Rogério Pires de Miranda

Ao menos uma vez ao mês, ao longe, eu ouvia aquela musiquinha instigante que também me provocava euforia e grande curiosidade.

Ela tinha a estranha capacidade de prender-me numa nuvem de fantasias que me fazia sonhar sem saber com o que e porque sonhava. Era mágica, simplesmente mágica.

Estivesse eu fazendo lição escolar ou brincando em meu quintal deixava tudo de lado, saia à calçada esperando ela chegar perto.

Eu não compreendia como uma caixinha colocada num pedestal, acionada por uma manivela, tendo acoplada a ela  uma simpática gavetinha cheinha de papeizinhos dobrados de várias cores podia ser tão fascinante.

Melhor e mais admirável ainda era o periquito preso por um dos seus pés a uma correntinha e que à ordem do homem, que dominava todo aquele aparato, retirava com o bico um papelzinho da gavetinha para ser entregue a quem pagasse para obtê-lo.

Quanta ansiedade para ler o que lá estivesse escrito, seria o bem, seria o mal? Era o bilhetinho da sorte pelo qual  as moças, principalmente, saberiam se seriam felizes no amor.


Tempos maravilhosos foram aqueles que hoje não se vivem mais. O tempo passou, coisas boas e novas surgiram pelas vias da tecnologia, porém não há nestas, aquela auréola poética que havia nas coisas simples. O computador, os Iphones, os smartphomes, os ipods, os tablets, jamais exercerão, por mais maravilhosos que sejam, aquele fascínio que era exercido pelo velho realejo.

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