A MAQUININHA DO SONHO
Paulo Rogério Pires de Miranda
Ao menos uma vez ao mês, ao longe, eu ouvia aquela musiquinha instigante que também me provocava euforia e grande curiosidade.
Ela tinha a estranha capacidade de prender-me numa
nuvem de fantasias que me fazia sonhar sem saber com o que e porque sonhava.
Era mágica, simplesmente mágica.
Estivesse eu fazendo lição escolar ou brincando em
meu quintal deixava tudo de lado, saia à calçada esperando ela chegar perto.
Eu não compreendia como uma caixinha colocada num
pedestal, acionada por uma manivela, tendo acoplada a ela uma simpática
gavetinha cheinha de papeizinhos dobrados de várias cores podia ser tão
fascinante.
Melhor e mais admirável ainda era o periquito preso
por um dos seus pés a uma correntinha e que à ordem do homem, que dominava todo
aquele aparato, retirava com o bico um papelzinho da gavetinha para ser
entregue a quem pagasse para obtê-lo.
Quanta ansiedade para ler o que lá estivesse
escrito, seria o bem, seria o mal? Era o bilhetinho da sorte pelo qual as
moças, principalmente, saberiam se seriam felizes no amor.
Tempos maravilhosos foram aqueles que hoje não se vivem
mais. O tempo passou, coisas boas e novas surgiram pelas vias da tecnologia,
porém não há nestas, aquela auréola poética que havia nas coisas simples. O
computador, os Iphones, os smartphomes, os ipods, os tablets, jamais exercerão,
por mais maravilhosos que sejam, aquele fascínio que era exercido pelo velho
realejo.
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