Entre
flores e o pôr do sol
Jany Patricio
Margarida
regava cuidadosamente as plantas do jardim vertical que cultivava na sala de
seu singelo apartamento na Rua das Flores, uma pequena viela no bairro de Campo
Lindo da grande metrópole paulistana.
Enquanto observava alguns brotos do seu
lírio da paz, que pareciam lhe sorrir, sendo acariciados por suas delicadas
mãos, sua mente viajava para um tempo remoto quando cuidava, junto com sua mãe,
das lindas roseiras que enfeitavam com alegria a frente da sua casa. Chegava a
ouvir os latidos do Rex, seu cão amigo, no fundo do quintal, onde mangueiras,
abacateiros, laranjeiras e o seu querido pé de jabuticaba floresciam e davam
frutos.
De repente, seu olhar se arregalou ao
ver um pulgão passeando pelas folhas de um pé de violeta. Separou imediatamente
o vaso, e enquanto o levava para a sacada ouviu tocar o interfone. Era o
porteiro do prédio avisando que havia uma carta registrada.
Ao deixar o vaso no chão da varanda
observou o lindo pôr do sol de verão. Era feriado, aniversário de São Paulo. No
seu dia a dia, ela não tinha tempo para perceber este presente do céu, e ficou
um instante admirando os últimos raios que teimavam em ultrapassar os inúmeros
prédios da cidade grande.
Desceu para buscar a correspondência.
Que alegria! Era o convite de casamento de sua prima, Maria Clara, para maio, o mês das noivas.
Margarida havia passado num concurso
público e estava trabalhando há um ano na repartição e certamente poderia marcar suas
férias e viajar para a sua cidade natal, Criciúma, em Santa Catarina, rever
seus pais, irmãos, sua casa, o Rex. Quanta saudade!
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