Chiquita!
Dinah Ribeiro de
Amorim
Chiquita era uma moreninha
engraçada, espevitada, que mamãe
contratou para brincar conosco, enquanto trabalhava. Morávamos com minha avó,
que tinha oito filhos moços e quatro netos. O serviço era muito e precisava de
alguém para ajudar a cuidar das crianças.
Seus cabelos eram cheios de trancinhas, cada
uma com uma conta na ponta, nem sei como conseguia isso, que balançavam sempre
que corria ou dançava, o que fazia o tempo todo. Enchia-nos de histórias
estranhas, inventadas ou invencionadas, escutonhadas dos outros ou não!
Vivíamos risonhando com ela ao nosso derredor,
acreditonhando piosamente em suas historietas cheias de curiositividades.
A que mais traz lembrancite é a história de
um jacaré muito mansitozinho que vivia às margens de uma lagoinha, perto da sua
choupana quando morabitava com sua avolita, no nordeste da Bahia.De tão manso
esse bichano, que de tamanho pequeno não tinha nada, deixolava pessoas
navegarem por cima de seu corpanzil e até de sua bocarra aberta, para
gostosurarem da paisanagem. Era uma deliciura para todos!
Até que num dia, amanheceu meio abilolado,
embirrado porque não encontrou pábulo ou esqueceram de jogar-lhe cibo, não sei
como Chiquitita sabia esses nomes, precisei usar dicioniário para saber que
significavam comida, enfureceucido, muito raivioso, chacoalhou-se todo,
derrubando o povo que estava por cima e comendo os que estavam dentro da bocarra!
Assustadiços com essa historieta, sem
sabermos ser verdaducha ou não, mal conseguimos
tirar cochilo à noite. Que menina engraçada mesmo! Não sei como mamãe
foi encontrá-la misturada enrrodilhada entre tanta babá, na casa de
empregadices! Lembrancites!
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