VIGARIANICE
Paulo
Rogério Pires de Miranda
Tudo
corria calmamente naquela manhã que se fazia espreguiceira nos campos de
trigais. De repente um arrolharar desritmizado quebrou o silêncio afogado que
reinava naquele lugar. Eram duas rolinhas que disputavam uma minhoca que saíra
da sua toca para bronzear-se ao sol.
Chulapetada
daqui, chulapetada de lá, cada rolinha saltiteava uma pra cima da outra para
ver quem ficaria com aquele bom bocado.
Nesse
temporal disputativo, de camarote em cima dum cupinzeiro, um anu preto
espreitava e dizia para si mesmo: “vou dar um golpe de mestre nesse entrevero”.
Empostando
o papo, dirigindo-se às duas rolinhas disse-lhes: “Por que não param de
algazarrarem-se e resolvam-se mais discernididamente? Sugiro que façam uma
disputação. Quem chegar mais rápido naquela porteira lá encima que fique com o
bom bocado para si.”
E
assim fizeram: pararam a arrulhação.
O
anu pondo-se de juiz diz: “empareiem-se e ao meu comando azulem para a porteira.”
Assim feito ele gritou: “já”.
Enquanto
as duas rolinhas como um bólido voavam para a porteira o anu numa rápida voança
foi pra cima da minhoca e a embicou com rapidez levando-a para o seu ninho,
garantindo assim a refeição da sua ninhada.
Quando
lá da porteira as duas rolinhas perceberam que foram ludibriadas olharam-se com
cara de sonsas e cada qual voou para um lado.
Moral
da história: “Briga não enche barriga. Melhor é dividir do que na vigarianice
cair.”
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