Ao cair dos
sonhos
Patricia
Iasz
Era noite, o verão esbocejava
calor. Todos riam da mais nova e
criativa aventura de férias. Os mais velhos descidiram arrasteiar pelas águas,
motivando o grupo a participar de uma divertida pescaria. A criançada, com
lanternas e baldinhos, se encarregavam da alegria, enquanto aguardavam o
retorno das redes. Corriam feito siri fantasma, de um lado a outro, deixando
pegadas por onde saltitavam, inventando razões para passar o tempo.
Um, sendando na areia
fofosa, construía castelos e fortes. Outro, vendo ondas rasas nas margens da
praia, cavocava acocorado os minúsculos chafarizes que alí formavam e, com mãos
vuptiágeis, capturava corruptos. Bicho estranhoso, comprido, ligeireiro, sendo
preciso a astúcia para alcançar o danado.
Porém, nada se
comparava com a poetinha da turma. Sonhadora como sempre, percebeu por um
instante, que o céu caíra por terra. Sob seus pés, estrelas florescentes raiavam
feito estrelas cadentes a um simples passar dos dedos. Quanto mais explorava a
areia molhada, mais brilho luminesciam o anoitecer aversado. Sentiu-se a
princesa de um universo escondido onde só os seus passos sabiam onde
encontrá-lo. Atenta aos arredores, observiu
que circunstrelas e conchostras varientes pertenciam a sua constelação. O mesmo
acontecia com os caranguejeiros fugitivos dos terráqueos, que se escondiam por
detrás das barricadas de ondas, num imenso buraco mardentro. A poetenta não se
continha e por hora foi portadora de um sonhado reinado. A Terra
Celestina.
De repente, fora interrompida
por uma voz conhecida que, ao longe ecoava. Era sua mãe chamando para ver os
animais enroscados na rede de pesca. Nova generosa alegria. Peixes, caranguejos
e camarões, embrulhados entre conchas e algas verdes, fanfarravam por
liberdade. Esta que, por sua vez, permanecera como gesto concreto...
É que o adulto, numa
honesta atitude, separou poucos para o preparo do almoço e, empolgando a
gurizada, fez soltar os animais restantes afirmando:
— Amanhã teremos mais!
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