Contando
estrelas
Jany Patricio
Era noite de São
João. Labaredas subiam e fogos de artifício riscavam o céu na pequena, mas movimentada
cidade de Cícero Dantas no sertão nordestino.
Crianças corriam em
torno das chamas trepidantes da fogueira divertindo-se ao som das biribinhas atiradas ao
chão empoeirado.
Delicioso cheiro das
castanhas e batatas doces, que assavam nas brasas, invadia o ambiente.
Bandeirolas tremulavam,
e balões cintilavam no céu junto com as estrelas.
Ao som da sanfona, do triângulo e do pandeiro
o arrasta-pé corria solto na praça.
Debruçada no beiral
da janela de sua casa, Joana admirava a festança e observava o céu chamuscado
de estrelas. As três Marias e o Cruzeiro do Sul eram as suas preferidas.
Então, pegou as
varetas de chuva de prata, que ganhou do seu avô, e foi brincar na festa com as
outras crianças. Ela acendia as varetas e riscava o ar, de onde brotavam
estrelas que brilhavam como a alegria dos seus olhos.
Mais tarde, quando só
restavam brasas,
era de praxe pular as fogueiras.
Joana via encantada,
as pessoas pulando e ficava com uma enorme vontade de pular também. Estava
hipnotizada pelas últimas chamas que subiam alegremente, e aos poucos foi se
aproximando do fogo.
Enquanto isso, seus
pais e tios estavam animados dançando o forró.
Ela foi chegando mais
e mais perto da fogueira, mas antes de dar o impulso para pular, olhou para o
céu.
Que espetáculo! As
três Marias vinham ao seu encontro, na forma de fadas!
Vestidas cada uma de uma
cor: amarelo, azul e vermelho. E traziam uma varinha parecida com as varetas
que ganhou do seu avô. Desciam em caracol, traçando o desenho de uma escada no
céu.
Disseram para ela
esperar um pouco, pois queriam abraça-la para pularem juntas a fogueira. E ela
inebriada admirava a trajetória das fadinhas.
O
seu avô, que balançava na rede, percebeu a intenção da menina.
Aproximou-se
devagarinho e suavemente segurou sua mão.
Ela
sorriu e contou a ele sobre as fadinhas, que agora brincavam de roda sobre a
fogueira. Sorriram para ela e subiram como um foguete voltando a brilhar no
firmamento.
Feliz,
Joana abraçou seu avô, que lhe ofereceu uma saborosa castanha de caju e algodão
doce.
Um comentário:
Parabéns pelo conto que nos faz relembrar os momentos alegres de nossa infância
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