O
sonido
Patricia Iasz
De vez em quando, um
sonido vindo por entre as montanhas, atraía a atenção de Deco, ainda em seu
quarto, surpreendido pelo sol que se aventurava em atravessar o vidro de sua
janela. Percebia um assobio gostoso, como o tocar de uma flauta, a chamar-lhe
para um brincar de esconde-esconde.
Mas
quem poderia estar ali a chamar-lhe? – Pensava ele
encucado. Sim. Todas as manhãs. Bem em
meio às suas férias?
Ainda sobrepido em
pijama de felpo, carregando a preguiça insistente pelos ombros mirrados. Descia
feliz as escadas de madeira daquele chalé montanhez. O cheiro atraente do café
da matita parecia beliscar-lhe o nareco, puxando-o para um abraço apertado na
mãe distraída.
— Bom dia! – sorria
ele. E mal escutando a resposta materna, já ia contando sobre o sonido vindo da
montanha.
Era fininho, vindo
bem de longe - dizia ele. E enquanto não abrisse a cortina, a musiqueta
permanecia tocando feito uma flauta doce.
— Sei que alguém está
lá, mamãe. E quer brincar comigo. Sei disso!
Gentilmente, a mãe comentou:
— Dá próxima vez que o
sonido tocar, abra também a janela e grite bem alto: “Ei, você. Quer brincar comigo?” E espere a resposta.
Na manhã seguinte,
assim que Deco chegou na cozinha. Contou alegremente que ouviu o sonido
responder para ele. E ofegante completou:
— Mãe! Eu ouvi. O sonido gritou bem forte: “Ei,
você. Quer brincar comigo?”
Neste dia, o café da
manhã foi só gargalhada. A mãe descobrira que Deco fez amizade com o eco. O
sonido vindo de longe, era a voz galopante do vento que trilhava valsavante por
entre as enormes árvores.
O eco não se escondia
mais. Deco o achou!
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