A
notícia correu destrambelhada
Patricia
Iasz
O tempo de espera para que a lotérica abrisse ainda era
longo, porém, todos davam por certo que seu Hipólito era o mais novo velhinho
milionário da cidade. Em poucas horas já resgatara inúmeros amigos e todos nem
se quer lembravam das desavenças do passado. Durante todo fim de tarde e noite
adentro recebeu visitas e mais visitas de cordialidade. Todas revestidas de
sorrisos e tapinhas nas costas mas finalizadas com conversas que rodeavam algum
desabafo de dificuldade. A alegria do idoso era tamanha que mal se deu conta do
tamanho interesse existente em gesto de delicadeza.
Nesta madrugada dormira pouco e assim que o sol despontara,
seu Hipólito correra para a frente da loteria a fim de ser o primeiro a ser
atendido quando esta se abrisse. Uma expectativa e tanto para alguém que
frequenta as fases da senilidade.
Chegada a hora mais importante para a ansiedade do velho. A lotérica
já estava funcionando quando ele acabara de ser chamado para averiguação do
bilhete. Alguns minutos de silêncio o incomodaram como eternidade até ouvir da
balconista o anuncio.
Muitos eram os curiosos à sua volta e todos com igual atenção,
estavam ligados à pronuncia daquelas poucas palavras. Uma desconhecida é que
iria puxar os ânimos de todos às comemorações alvoroçosas.
E foi exatamente o que acontecera. A agitação tomou conta da
rua assim que vira o velho cair duro em frente a calçada. Ele não suportara a
notícia. Neste instante, a platéia ficara desnorteados. Ninguém mais sabia se
socorria o velho ou se conferiam o resultado do bilhete amassado da mão do
falecido. Até que um cidadão grita afoito em meio ao povo:
– Este bilhete não está
premiado! O velho morreu mesmo foi de decepção. E todos o abandonaram ali inerte até que a policia chegasse para levá-lo ao necrotério.
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