Pedras
e poder
Jany Patricio
Izabela retomou suas atividades. Voltou a ser a poderosa
executiva, galgando os postos mais altos da multinacional. Porém, uma tênue
tristeza emergia dos seus olhos quando o assunto era relacionamento.
Tentava preencher o vazio da alma dedicando-se ao trabalho e
viajando.
Numa de suas viagens, quando foi conhecer as ruínas incas, no
Peru, foi convidada para participar de um ritual em Águas Calientes, cidade
onde pernoitaria para no dia seguinte subir para Machu Picchu.
À meia-noite abriu-se a entrada para as piscinas naturais,
somente para o seu grupo e o guia. Lá havia um homem que iria dirigir o ritual.
Todos entraram nus nas águas quentes e observaram as montanhas que vigiavam o
local em suas formas femininas.
A luz da lua refletia na
água os sentimentos dos participantes, envolvidos pela magia da terra, céu,
estrelas, sons enigmáticos da natureza e palavras misteriosas. Movimentos
circulares, de mãos dadas, e olhar fixo no firmamento, nas montanhas poderosas,
o brilho da lua, o abraço quente da água acolhedora fizeram Izabela entrar
novamente em contato com o seu poder emocional. Todos pareciam estar em transe
e integrados com a Pacha Mama.
Ao retornar da viagem
sentia uma inquietação que se refletia nos seus sonhos que eram invadidos por
perseguições, imagens assustadoras e lugares lúgubres. Acordava assustada no
meio da noite, chegando a ficar com receio de dormir e ser novamente
atormentada pelos pesadelos.
Resolveu comentar o que
estava acontecendo com sua amiga de viagem, que ficou surpresa, pois ao
contrário de Izabela, estava calma e renovada e sonhava com lugares
paradisíacos e encantadores.
Apesar de incrédula,
movida pelo pavor que as noites lhe imprimiam, deixou-se ser levar pela amiga
para a “Casa de Luz”, lugar dirigido por Grandel, um homem alto, cabelos, sobrancelhas
e barba grisalhos e olhos de um azul profundo.
Ao entrar naquele ambiente
iluminado pela luz solar que atravessava vitrais e perfumado pelas flores de
jardins verticais percorridos por pequenas fontes e preenchido por acordes
distantes de um piano, Izabela foi invadida por uma momentânea paz.
Descobriu que foi vítima
de uma magia negra que bloqueava sua vida afetiva.
Grandel, o mago, disse-lhe
que o ritual no Peru permitiu que seres malignos atormentassem seus sonhos para
que ela buscasse ajuda e se libertasse das ondas de inveja e ignorância daquele
ato do passado, não importando quem o realizou.
Em companhia da amiga e do
mago, viajou por matas e cachoeiras, onde foi tratada com poções mágicas,
aromas, cores vibrantes, luz da lua e solar, pedras, plantas, pensamentos e
perdão.
Hoje suas noites são calmas e está pronta para recomeçar.
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