O
belo da vida
Patricia Iasz
Era um campo de concentração. Uma família passara a viver
alí, espontaneamente. Cansaram de viver a crueldade do mundo afora onde
guerras, crimes, violências e atrocidades aconteciam.
O pai, como bom protetor, contara ao filho que um jogo ia
começar. Contara ao menino, que era preciso ver as diferenças existentes
naquele campo de concentração e, com elas, acumulassem o maior numero de
detalhes para que, no final, as levasse para o mundo, do outro lado da cerca.
Empolgado, a criança saiu em disparada em busca de tudo que
via naquele território fechado. Concentrações de jardins eram vistos em todos
os cantos. Por sobre eles, insetos variados voavam sem parar, trocando
cantorias inusitadas aguçando ainda mais as buscas daquela infância. Pelos
corredores de pedras e gramas, um labirinto ia se formando e a brincadeira
ficando, cada vez mais atrativa. Nos estábulos, cavalos elegantes corriam
relinchando. Cabras e carneiros ficavam soltos no pasto verde e no fim do
trajeto, uma casa sede, estilo colonial.
Por dias, o menino guardara tudo que vira em silos enormes
até que chegara o dia da partida. A família, infelizmente, não poderia mais
permanecer naquele centro de confinamento. Teria agora que sair e enfrentar a
nova etapa do jogo. Estar no mundo real, do outro lado da cerca.
Corajosamente, o menino subira no caminhão e colocara tudo o
que colhera no silo, na carroceria do caminhão, para levá-los ao mundo de fora.
Estava chegando o fim do torneio. A guerra no coração da criança já era vencida,
e ao sair pelo mundo, carregava consigo somente o que conhecera na primeira
etapa do jogo: Jardins com insetos voadores, estábulos com lindos cavalos e
casa sede colonial. No semblante a força do jogo estava evidente num sorriso
confiante.
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