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Patricia
Iasz
O irmão de Flávia não conseguira suportar a tragédia. Moça
tão jovem, morta num acidente automobilístico nada convencional e envolta numa
história cruel de crime passional onde seu ex-marido tirara, à facada, a vida do
amante.
Para Péricles, era insuportável a sensação de vazio deixado
pela irmã. A cada dia que ela se ausentava, a alma dele remoía uma vingança contínua
e crescente contra o suposto crimino. Não fora com a cara do ex-cunhado desde
os tempos de namoro. É que algo nele sugeria frieza e obsessão.
Naquela tarde, próximo ao findar do dia, Pericles guardara,
na parte de trás do cós do jeans, uma arma calibre 38. Iria então visitar o
ex-cunhado na delegacia afim de uma última e franca conversa. Como já era
conhecido do delegado, passou pela portaria sem ao menos ser revistado. E alí no corredor 3, bem em frete à cela 24 parou diante do assassino. Não balbuciou palavra
alguma, só o seu olhar raivoso fitava-o com veemência.
Para Péricles, o ex-cunhado agora estava indefeso, tal qual
ao que acontecera com sua irmã no dia do
acidente. E vendo-o incapacitado da fuga, num tempo onde ambos se encontravam à
sós, sacou a arma da cintura e num movimento instantâneo, mirou-a ao agressor
puxando o gatilho. O projétil saíra apenas com um ruído baixo e sufocado pois
trafegara por um silenciador acoplado ao
revólver. Um NÃO forte ecoou como grito da boca do ferido quando a bala
atingira em cheio no lado esquerdo do peito do indivíduo. O impacto certeiro fizera
com que a vítima se chocasse contra a parede e esta, mostrara um rastro de
sangue conforme o corpo escorregava pelo concreto frio. Ainda quente estava o
corpo quando se esticara no chão. Uma poça vermelha se acumulara no piso e o
macacão azul usado pelo recluso, enegreceu pelo líquido jorrado.
Péricles em pé e inerte diante do morto, apenas sentia uma
sensação de alívio. Não pensou nenhum segundo na morte do cidadão à sua frente,
mas sim na morte da irmã naquele infeliz acidente forjado.
Segundos depois, o delegado e alguns soldados entraram no
pavilhão. Vendo Péricles com a arma na mão, o alvejaram. E sem resistência
alguma, Pericles fora algemado e colocado numa cela ao lado da do assassino recém
assassinado. Neste instante, Péricles também se tornara autor de um crime. Como
pessoa comum será julgado e sentenciado na cadeira como um réu primário e nada
mais poderá priva-lo da lei designada à igualdade para todos.
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