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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINCIDÊNCIA - Dinah Ribeiro Amorim


QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINCIDÊNCIA...
Dinah Ribeiro de Amorim


  Nasceu Maria como tantas outras, na cidade de Belém, pequeno bairro chamado Santos Reis. Maria das Dores, Maria das Graças, Maria José, Maria de Fátima, ela, simplesmente Maria.

  Não era muito parecida com as de sua idade. Muito humilde, quieta, sossegada, equilibrada. Dócil e boa, negava-se a fazer parte das brincadeiras mais violentas. Temperamento calmo!

  Cresceu como todas, bonita e gentil, obedecendo aos pais em tudo. Muita graça e formosura, chamando atenção seu olhar, firme e franco, profundo, como se conhecesse as pessoas por dentro.
  Um dia, passeando sozinha pela praia, pensativa e sonhadora, foi levada por uma ventania de areia, que se formou, de repente, e que assolava aquela região, de tempos em tempos, pegando pescadores e moradores desprevenidos!

  Maria sumiu, levada pelo vento, preocupando a todos que a procuravam, insistentemente.

  Passado alguns dias, quando já a consideravam morta, apareceu tranquilamente andando pela praia, muito alegre, vindo da casa de uma prima. Havia se refugiado lá e ficado mais um tempo.

  Seus pais, sem saber direito se a repreendiam ou não, deram  Graças a Deus por ela! A alegria em tê-la de volta abrandara um pouco suas preocupações.

  Com o tempo, a moça retomou os afazeres domésticos, recebendo, de vez em quando, a visita de um amigo da casa, José, ao qual estava prometida desde a infância, segundo um costume local.

  Homem bom, trabalhador, carpinteiro de profissão, sabendo dar valor, respeitava muito sua prometida.

  Eis que uma novidade aparece, assombrando todos. A barriga de Maria começa a crescer, dando sinais de uma gravidez, impressionando e atraindo vários comentários maldosos!

  José, discretamente, começa a indagar sua mãe, sobre o que seria aquilo?

  A cidadezinha não falava em outra coisa! Algo acontecera quando ela sumira na tempestade de areia e, com vergonha, não queria contar.

  Pressionada, Maria não entende o que lhe está acontecendo e não responde nada...
  José, cumpridor de sua palavra, para acabar com os fuxicos, pede-a em casamento, embora também desconfiasse da pureza da noiva.

  Assume-a como esposa e descobre, espantado, que ainda era virgem.

  Sonha, à noite, que ela iria dar à luz um ser diferente, divino, como há mais de dois mil anos atrás, novo emissário de Deus ao mundo, trazendo muita felicidade.

  Resolve, então, sempre protegê-la, levando-a para outra cidade para fazer o registro da criança, quando nascesse.

  No meio do caminho, já em final de gravidez, Maria sente as dores do parto e acaba dando a luz numa cocheira, cercada de animais domésticos e pastores, recebendo como visita três homens diferentes, ricamente vestidos, um pouco estranhos, dizendo serem reis magos, vindos do outro lado do mundo, guiados por uma estrela que os avisara aonde nasceria uma criança muito importante, ensinando paz à humanidade.

  Um deles era muito claro, louro, de olhos azuis. Outro, bem moreno, de olhos escuros e amendoados, quase sem pálpebras e, o último, de pele negra, olhos grandes e também negros, cabelos muito crespos, dentes alvíssimos.

  Seus nomes: Baltasar, Belchior e Gaspar. Trouxeram vários presentes: ouro, incenso e mirra. Ajoelharam-se perante o menino, no colo de  Maria que, espantada, indagava a José quem seriam?

  Ele também não sabia.

  Maria e José foram entender, aos poucos, a grande missão que teriam: educar e preparar para a vida esse novo ser que, mesmo em criança, já demonstrava sinais de divindade!

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