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quarta-feira, 21 de março de 2012

NUNCA MAIS VOLTAREI AQUI, NUNCA MAIS! - Dinah Ribeiro Amorim




NUNCA MAIS VOLTAREI AQUI, NUNCA MAIS!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Trabalho num escritório de advocacia. Auxilio meus chefes com idas a cartórios, fóruns, etc... Examino andamento de processos.
  Às vezes, viajo ao interior, pego diversas estradas, sempre a serviço.
  Numa dessas, um pouco mais longa, peguei uma estrada nova para Itabitinga, aonde deveria pernoitar.
  Que estradinha ruim! Mão única de ida e volta, curvas, buracos, sem acostamento, difícil dirigir assim.
  Quando noto, o ponteiro da gasolina estava no fim, mesmo tendo abastecido ao sair. Não rodei tanto!
  Dirigi mais um pouco e avistei um pequeno posto com parada para lanche e repouso. Até que enfim algum descanso!
  Abasteci o carro, comi alguma coisa e examinei o local. Era uma espécie de pousada. Achei-a aconchegante, aluguei um quarto e resolvi pernoitar ali mesmo, seguindo para Itabitinga, de manhã.
  Estou quase adormecendo quando abro os olhos, assustada. Barulhos estranhos no teto e nas paredes. Batidas de martelo, pedras que caem, passos rápidos, vozes que falam, sussurram baixo, não consigo distinguir direito. Podem ser ratos no telhado, mas ratos não falam. Parecem pessoas ou crianças fazendo alguma brincadeira de mau gosto. Agucei meus ouvidos para perceber de onde vinha o som e o que falavam. Eram palavras que me mandavam sair dali, eu atrapalhava, como se representasse uma ameaça! Poderiam danificar meu carro, ser morta, não sei bem por que! Não entendia direito. Talvez pela minha profissão. O  que viera fazer. Ou fosse mal assombrado mesmo!
  Tentei ligar a televisão para me distrair um pouco. Foi pior! Controlavam o som. Aumentava ou diminuía, sem que eu mexesse.
  Não dormi nada! Tive uma noite péssima! Lembrei-me de fazer uma oração e pedir ajuda a Deus. Fazia tempo que não voltava à igreja. Senti-me melhor! Meus nervos estavam em frangalhos!
  No dia seguinte, comentei com o dono da pousada e ele, muito risonho, disse que nunca havia tido essa queixa. Deveria tê-lo chamado. Mesmo tarde da noite. Não havia nada nos telhados!
  Achei que poderiam ser meus nervos, cansaço, preocupação com trabalho ou coisa do demo mesmo. Espíritos malignos naquele lugar.
  “Nunca mais voltarei aqui!” Pensei. “Nunca mais!”

                                                   
              

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