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domingo, 10 de agosto de 2014

A VERDADE SEMPRE APARECE! - Dinah Ribeiro de Amorim


A VERDADE SEMPRE APARECE!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Maura era uma jovem sonhadora, romântica, criando em volta de si um mundo de fantasia e ilusões. Quando conheceu Roberto, apaixonou-se, achando que ele representava tudo o que uma mulher poderia desejar na vida. Educado, distinto, boa aparência, situação financeira estável, de boa índole e uma cultura para ninguém botar defeito. Enfim, o que sonhara para si a vida inteira.

  O casamento se realizou como num conto de fadas e ela era a mais feliz das mulheres. Assim viveram, sem grandes problemas, durante quarenta anos. Tiveram três filhos homens, sadios, bonitos e fortes, estudiosos, realizados, prontos para ocuparem o lugar do pai quando este resolvesse se aposentar. Viajavam constantemente, sempre que podiam, ficando  Maura, muitas vezes, curtindo temporadas na praia ou nas montanhas, mesmo quando a família não podia. Levava amigas ou parentes como companhia. Não via nenhum mal nisso, tal era a confiança que havia entre ela e Roberto. Seu amor por ele era tanto que se sentia também muito correspondida.

  Roberto, dono de uma empresa de cosméticos, era um homem muito ativo, possuindo grande número de empregados e amigos. Sua secretária particular, Nanci, era uma moça excelente e depositava nela muita confiança, encarregando-a de grande parte do trabalho. Nanci foi se tornando aos poucos, alguém  da família. Grande amiga de Maura.

  De repente, às vésperas das festas do Natal, quando todos estavam alegres, preparando a casa, Roberto tem um mal súbito no trabalho,  vindo a falecer. Foi uma correria danada e espanto geral!

  Maura, então, achava que isso nunca iria acontecer. Justo ele, tão querido, tão moço ainda, tão radiante, cheio de planos, e, nas vésperas do Natal. Não se conformava! Não poderia estar acontecendo com ela!

  A pedido dos filhos, prepara uma cerimônia fúnebre digna de um homem de bem! Aparecem vários amigos e recebem muitos cumprimentos.

  Acontece, para surpresa geral, a presença de Nanci, a secretária, toda de preto, como se fosse a própria viúva, chorando convulsivamente ao ver o caixão, sofrendo um leve desmaio, socorrida a tempo por um filho jovem, mais ou menos da idade dos filhos de Maura e Roberto e, muito parecido com eles. As duas mulheres se entreolham e Maura, com desconfiança e dor, descobre a verdade. Eles foram amantes! Com certeza, aquele filho era também dele, do marido que julgara sempre fiel e verdadeiro.

  Mais tarde, ao passar o velório, é lido o testamento e Roberto deixa uma parte de seus bens para o filho de Nanci, afirmando também ser seu filho.

  Foi grande a decepção da esposa, após tantos anos de ilusão de um casamento maravilhoso, demais para ser real e verdadeiro.


  Com o tempo, aceitou a situação e perdoou seu marido, sabendo agora que, neste mundo, felicidade completa não existe! Só na cabeça dela!

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