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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

BAILE DE MÁSCARAS SURPREENDENTE - Carmen Lucia Raso



 BAILE DE MÁSCARAS SURPREENDENTE
 Carmen Lucia raso

Parada diante do espelho, Lili não acreditava ser ela mesma. As roupas bordadas com canutilhos, pedrarias e strass, coloriam aquele vestido verde esmeralda que mandara fazer na ocasião de seus dez anos de casamento. Pedira à costureira uma reforma no modelo e para a bordadeira que bordasse exatamente como idealizara.

-“Está  lindo! E a máscara?” Lembrou de quando esteve em Veneza com seu irmão, logo após sua separação, havia uns dois anos, trouxe-a adivinhando que um dia a usaria e a colocou sob o chapéu de abas pouco largas cheia de babados.

O espelho refletia exatamente o que ela havia imaginado: Alguém incógnita que chamaria a atenção pela sua beleza e auto-confiança.

Respirou fundo, pegou a bolsinha, deu meia volta, espirrou em si um “Dolce e Gabbana” e saiu.

Dentro do seu carro a caminho do baile que seus primos gêmeos iriam realizar naquela noite, pensava como se sentia sozinha depois que ela e Carlos resolveram se separar. Nem filhos tinham, trabalhava muito como juíza, ocupando todo o seu tempo.

A caminho do bairro dos jardins, foi pegando atalhos entre seus pensamentos para fugir do trânsito da 6ª-feira á noite da cidade de São Paulo.

A rua para se chegar á casa dos primos estava tão movimentada evidenciando o grande número de convidados, pois seus primos eram bem relacionados e como donos de várias casas noturnas famosas  na cidade não poderia ser diferente. Conseguira chegar ao  portão principal onde os valets estacionavam os carros dos convidados.

Se aproximando da entrada observava que o grande gramado  e a piscina iluminada refletiam o bom gosto por onde se passava.

Pessoas bem arrumadas, os homens de fraque exibiam-se para os outros e para si mesmos.

As mulheres, com seus vestidos longos, mostravam variados tipos de máscaras. Algumas como ela vestiam máscaras de Veneza, outras apenas cobriam o contorno dos olhos e outras usavam pequenos chapéus com camadas de tule, cobrindo todo o rosto.

Foi andando pelo jardim procurando por sua família e logo avistou os gêmeos, com seus 39 anos, corpos atléticos, junto a seus pais e suas lindas mulheres.
-Que bom, estávamos à sua espera! Disse um dos primos, assim que ela se identificou.
-Meu Deus, eu não te reconheci, que linda que você está Lili! Disse o tio.
E por mais alguns minutos trocaram elogios e cumprimentos.

Havia ao fundo do jardim, uma banda que tocava  todos os tipos de música e no meio do gramado foi erguida uma tenda iluminada que servia como pista de dança. Flores brancas de grande variedade decorava toda a casa.

Passando por eles um homem de aproximadamente 50 anos, grisalho, alto, muito elegante, se aproximou. Abraçou os aniversariantes e foi apresentado aos demais, sem receber muitos detalhes sobre quem eram as mulheres, pois estas teriam de ficar incógnitas até o final da festa.

Lili prestava muita atenção naquele homem tão charmoso e ele também, conversando com todos, olhava para ela num misto de encantamento e curiosidade.

A  certa altura, os primos e a família resolveram circular e então Luis convidou-a  a andar pela festa, tomando um drinque ou se servindo de algum petisco. Levou-a a dançar e conversaram sobre trabalho, família viagens e descobriram muitas coisas em comum, inclusive que estiveram em Viena na mesma época e que estiveram lá em função da separação de cada um.

Sentiam uma forte atração um pelo outro, pois se olhavam no fundo dos olhos e a emoção tomava conta dos dois.

Luis insistia em saber seu nome e ela rindo, sussurrou:- “Todos os meus amigos me chamam de Lili  e você eu deixo. Pode me chamar de Lili.”

Atrás da máscara e dentro dela Lili pensava o porquê Luis não a largava se nem ao menos sabia como ela era, feia, bonita, loira ou morena. A única coisa que ele sabia é que ela fazia parte daquela família.

Ao final daquela festa maravilhosa, combinaram se encontrar, passaram seus telefones e não pode levá-la pois estava de carro. Saíram um atrás do outro e ela percebeu que ele a seguia. –“Será que está me seguindo?” Lili pensava e Luis estava achando engraçado, pois ela estava fazendo o mesmo caminho que ele.

Ao mesmo tempo que se divertia com esta idéia Lili foi diminuindo a velocidade do carro e deixou que ele passasse à sua frente, qual a surpresa, ele entrou na mesma garagem do seu prédio.

Lili estacionou em sua vaga e observou que Luis ocupava a vaga do apartamento do andar de cima do seu. –“Então é ele o novo morador?” Acabara de se mudar e nunca haviam se encontrado.

Lili não tirou máscara , nem chapéu, deixou para o dia do encontro a curiosidade que Luis estava em conhecer sua identidade.

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