A VIZINHA DO APARTAMENTO VINTE E NOVE
Vagarosamente ele via a terra ficar para trás, um gigante de aço soltando fumaça pelo topete da chaminé, apitava para maior comoção de um coração que sozinho parecia palpitar e incomodado se pudesse diria preferir “os pés ao chão”. O horizonte virava um espelho d’água e ele assumia a condição de “marinheiro de primeira viagem” num cruzeiro em que o navio singrava as águas agitadas de um mar abissal.
Depois que ele teve a permissão do comandante para ver da cabine de comando o horizonte que surgia e não o que ficava para trás, sentiu que o certo era cair na gandaia para adquirir o espírito de curtição que tal passeio proporcionava. Deslumbrou-se ao assistir variados shows de artistas nacionais e internacionais, dançou com mulheres bonitas, comeu do bom e do melhor. No segundo dia ele estava sentado à beira da piscina quando de repente avistou alguém sozinha que estava deitada de bruços tomando sol, se aproximou e viu que o único companheiro daquela linda mulher era um livro as suas mãos sob a sombra de seu elegante chapéu, tal livro continha na capa o título “Procuro alguém”. Sorrateiramente ele sentou-se ao lado e a indagou: Oi, tudo bem! Quando ela olhou de soslaio ele a reconheceu em ser a Vivi do apartamento vinte e nove do prédio em que morava na capital paulistana.
Oi Ambrósio, que bela surpresa!
Dissestes bela surpresa?
Sim! Por que não?
Ambrósio se apresentou como sendo seu vizinho, percebeu o caminho aberto para um relacionamento bacana, daí pra frente o cruzeiro virou dólar e juntos formaram o par que não existia em toda aquela multidão de passageiros. Gostos e desejos eram iguais pela arte em geral, as ambições de aventuras também idênticas. Os oito dias restantes do passeio passaram-se como se fosse um e ao voltarem a pisar em chão firme, assumiram o compromisso de marido e mulher. Formaram uma família dentro de um ambiente de prosperidade que perdurou por todas as suas vidas.
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