VÔO DA MORTE
CHICO COSTA
Um avião explodiu e o clarão das chamas acordou a selva amazônica, pássaros bateram asas na escuridão sem horizonte, répteis e insetos queimados, mamíferos desnorteados, estalos e fumaça de corpos carbonizados, ausência de gemidos, a fotossíntese daquele ambiente de horror parou. Pelas redondezas os índios pularam de suas redes e fora da oca procuravam por tupã no céu estrelado, tudo já havia acontecido.
Algumas horas depois, desencadeou a aurora e a vida na selva tomou outro rumo. Aviões da FAB riscavam a atmosfera ainda fria atrás dos destroços e por intuição índios adentravam as matas a procura de vestígios, aos quais logo se depararam. Balcões da companhia aérea repletos de familiares em busca de informações, sem parar os telefones eram ligados para um contato, havia a esperança de que em cada alô dito, buscar-se a voz do familiar que não chegou – do outro lado realmente não havia alô, o vazio da voz juntava-se ao físico. Confirmada a tragédia viera o caos, a TV Globo com o “plantão Globo” aumentava os sofrimentos de todos ao ouvirem aquele som que ficara funesto ao deixar os corações mais sensíveis por ocasião da morte do Airton Senna. Especulações chegavam a todo o momento, porém nenhuma substancial. Depois de algum tempo a confirmação de que os culpados de toda destruição de aeronave e vidas foram provocadas por dois pilotos norte-americanos que partiram de São José dos Campos em São Paulo com destino aos Estados Unidos. E por serem “folgados” negligenciaram as manobras das operações do “plano de vôo” até que bateram as duas aeronaves em pleno ar, por sorte escaparam com vida estes dois indivíduos.
Bases da Aeronáutica e Exército brasileiros foram montadas em Mato Grosso, homens de muita coragem e dedicação depois de vários dias de êxitos deram por encerradas às operações de buscas.
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