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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Um dia diferente - Dinah Ribeiro Amorim



UM DIA DIFERENTE!

Dinah Ribeiro de Amorim

  São Paulo cresceu muito nos últimos anos. Aumentou o número de bairros periféricos, com suas casas, favelas, problemas de locomoção, moradia, muita gente chegando em busca de trabalho, encontrando dificuldades inesperadas e, pouca gente desistindo, saindo.

  Quanto mais cresce a população desta cidade gigante, mais aumentam os seus problemas. Tornam-se gigantes também.

  Graves crises na educação com falta de escolas para todos, problemas nos hospitais e pronto-socorros com atendimento precário, causando muitas vezes a piora ou a morte do paciente pelo atraso em atendê-lo.

  Um problema sério é a locomoção do trabalhador que sai cedo e o trânsito que enfrenta. Impossível guiar em São Paulo, nas horas de rush. As filas de carros nas ruas, os ônibus entupidos de gente, prejudica muito a vida da cidade. O metrô auxilia bastante: é mais rápido, quando se consegue entrar nele e fica próximo de onde moramos.

  São tantas as dificuldades desta nossa cidade que a gente até admira quando algumas pessoas se dispõem a melhorá-la e a lutar por ela. Deve ser muito difícil administrá-la e tentar resolver todos os seus problemas.

  Uma questão que sempre me chamou a atenção e não escuto falar muito é o trabalhador madrugador, com sono, que sai com dificuldade de seu barraco ou casa, atravessa pinguelas, córregos cheios, pontes estreitas, colocando em risco, diariamente, a sua vida e a de sua família.

  Fora isso, tem também que   correr no meio de estradas ou avenidas movimentadas, querendo passar para o outro lado na busca de ônibus ou trem. Não encontram faixa por perto, para pedestres.

  Muitos ficam pelo caminho. O sono, o cansaço, os impedem de serem mais rápidos do que a coragem de se arriscarem nessa aventura diária.

  Foi isso que vi acontecer com um homem que atravessou correndo a estrada e chocou-se com nosso ônibus, batendo lateralmente nele, bem abaixo de minha janela. Estava saindo de São Paulo para visitar uma escola em outra cidade, bem cedo, tentando distrair o sono olhando pela janela.

  O que mais me espantou foi a atitude das pessoas à sua volta, achando normal esse acontecimento. Mais um caído à beira do caminho!

  O trânsito não parou, o motorista do ônibus nem percebeu, e eu fiquei cismando se tinha acontecido mesmo ou se fora minha imaginação.

  Tenho dúvidas até hoje pelo pouco caso que fizeram do fato!

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