A MORTE DE AMÉLIA!
Dinah
Ribeiro de Amorim
Era uma moça bonita, morena jambo, atraente e
sedutora. Não percebia sua sensualidade, sua capacidade de atração.
Namorava André desde a infância, desejando
casar com ele, satisfazendo as famílias de ambos e a si própria. Se realizaria
como mulher, esposa e mãe, não imaginando outro homem na sua vida.
Noivos há dois anos, pretendiam marcar logo a
data do casamento, assim que a situação de André melhorasse.
Amélia não sabia que André, acostumado com
ela, respeitava-a muito e, realmente, queria-a como esposa mas, traia-a de vez
em quando, fora da cidade, para variar. Não lhe era fiel.
Ivan, um amigo do casal, simpatizava muito
com Amélia e costumava acompanhá-los em passeios e bailes. Na verdade, nutria
por ela um amor oculto, sabendo que jamais teria alguma chance.
Eis que André, sempre às escondidas, conhece
Anita, uma linda moça de fora, visitando seus tios na cidade. Fica admirado e
enternecido com os olhos azuis e cabelos louros da moça, diferente da sua
Amélia. Resolve ter com ela um caso, levando-a para um motel longínquo, lugar
meio escuso, só para namorados.
Ivan, meio tristonho e angustiado, sozinho,
resolve também sair e levar Rosa, uma amiga sua muito apaixonada, para o mesmo
local, na intenção de se alegrar um pouco. Todos os jovens namoravam lá.
Na saída, na hora do pagamento, encontram-se
os dois: André e Ivan que, muito sem jeito o primeiro e, espantado o outro,
ficam sem ação. Não sabem se conversam ou não. Pagam suas contas e vão embora.
Cada um para seu lado.
Na volta, Ivan pensa: “Chegou minha hora.
Acabo com esse noivado e fico com Amélia.
Na primeira oportunidade que teve, denunciou
o outro para a noiva.
Esta, desesperada, decepcionada, não acredita
de imediato mas, inquirindo André sobre
suas saídas, percebe nele a mentira. Conhecia-o muito bem e sabia analisar até
suas expressões.
Desfaz o noivado e, triste, refugia-se em
casa, com vergonha e dor.
Ivan vai visitá-la e, sem muita habilidade,
declara seu amor por ela.
Amélia não sabe se o afugenta ou o consola,
negando-se a aceitá-lo. Gostava dele como amigo mas nunca o imaginara como
amante.
O rapaz, ferido em seu orgulho, mais uma vez,
sai, prometendo não mais procurá-la.
Esta, aborrecida por ter perdido o noivo e o
amigo, apanha um agasalho e sai também de casa, caminhando a esmo. Tem
necessidade de andar para não pensar. Quando percebe, está na linha do trem,
sem se importar se é perigoso ou não.
Não houve o apito dele que está chegando e
sim o barulho de um tiro, vindo do meio do mato e atingindo-a na cabeça. O trem
consegue parar bem à frente da moça caída. Amélia é socorrida pelo maquinista
mas morre antes de chegar ao hospital.
A polícia é chamada. Não fora suicídio. Pelos
antecedentes da moça, segundo o delegado Cunha, trata-se de um crime passional.
Como descobrir o assassino seria um trabalho sério a desvendar. Dois suspeitos principais são chamados: André e Ivan. Um,
porque “ela” havia terminado o noivado, por motivos óbvios e, outro, porque
havia sido rejeitado. Todos , na cidade, sabiam do seu amor oculto e foi a
última pessoa a vê-la com vida.
Trabalho difícil para o investigador Cunha.
Que fora crime passional, já sabia mas, qual dos dois havia atirado em Amélia, levaria
tempo para investigar. Verificar quem possuía arma, o tipo de tiro, entradas e
saídas dos dois no horário do crime, qual deles ficara mais revoltado com a
situação, mais incapaz de aceitar uma rejeição, coisas que toda polícia
investiga no trabalho para a solução de um crime.
Quem teria o maior motivo, levando à morte
essa pobre moça, já tão arrasada com os últimos acontecimentos em sua vida.
Estudando várias possibilidades, inquirindo
prováveis testemunhas, examinando e investigando os dois suspeitos, Cunha foi
descobrindo desenrolando o fio da meada.
Conseguiu chegar a Anita, satisfeita por ter continuado o namoro com André,
após todo esse escândalo e, à Rosa, amiga íntima de Ivan, antiga e fiel
apaixonada.
Pronto, mais duas suspeitas prováveis do
crime: Rosa, com inveja e raiva de Amélia, pela dor causada em Ivan, a quem
amava desvairadamente e, Anita, a única que se dera bem com tal acontecimento.
A arma do crime ainda não fora encontrada e
os dois suspeitos principais possuíam fortes álibis para a hora do tiro. André
estava fora da cidade, a serviço e, Ivan, fôra chorar sua mágoas na casa de um
casal idoso, moradores de um sítio distante, uma espécie de padrinhos, que
confiava muito.
Restavam as duas moças. Aonde estavam na hora
do crime.
Anita, envolvida no escândalo, resolvera sair
da cidade por uns tempos, voltando à casa dos pais.
Rosa, após ouvir as lamúrias de Ivan, antes
que ele viajasse para o sítio, compadece-se mito dele e, revoltada, tranca-se
no quarto, por horas, segundo sua mãe.
O investigador Cunha sabe que qualquer um
deles poderia ter sido mas, seu instinto de policial se inclina mais por Rosa.
A única a estar na cidade, trancada no quarto, com testemunho da mãe. Resolve
investigar mais sua vida e descobre que havia um certo desequilíbrio em sua
maneira de ser e viver. De todos, era a única que já havia tido porte de armas,
abandonado várias vezes a casa dos pais e sempre terrívelmente apaixonada por
pessoas que não correspondiam. Era muito infeliz!
Resolve chamá-la algumas vezes e fazer-lhe
mais perguntas.
Aos poucos, percebe nela um ódio intenso à
moça morta e uma enorme dedicação a Ivan.
Poderia sim ter vingado a dor que ele estava
passando.
Sobre a arma que possuíra, não soube
responder. Havia perdido por aí. Gaguejara bastante nessa hora.
Tudo mudou quando a arma do crime foi
encontrada, jogada num riacho, perto da linha do trem. Não possuía mais
digitais mas era a mesma de onde partira o tiro. Rosa foi novamente chamada e
descobriu-se o local em que comprara a sua. Eram iguais. Faltava a confissão.
Pressionada, confessou tudo. Atirara sim na moça, como castigo, raiva, inveja,
por ter sido tão amada e rejeitado seu único amor: Ivan. Era e foi solidária a
ele a ponto de tomar ma decisão, o crime, mostrando seu desequilíbrio como
tentativa de solução!
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