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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Um contentamento descontente - Carmen Lucia Raso



Um contentamento cescontente
Carmen Lucia Raso

Ana subiu correndo a escadaria do prédio suntuoso, atravessou o grande portão de ferro trabalhado, correu pelo corredor que levava à sua sala.

Acenava e cumprimentava os funcionários e colegas que há tanto tempo conhecia.

Parou diante da porta, respirou profundamente e esperou que o professor lhe permitisse a entrada. Sorriu “aberta e timidamente” e  a “ passos largos caminhou devagar” até seu lugar.

Era o último ano da Faculdade de Medicina. Havia recebido a notícia que ganhara a Bolsa para cursar na Alemanha a especialização em neuro-cirurgia.

Sua alegria irradiava tanta luz que não notava seu “solitário andar por entre a gente”, mas todos percebiam algo diferente.

Os demais alunos voltaram a concentrar-se na análise microscópica de células humanas que faziam. O laboratório “cheirava a éter e humano, vivo e morto”.

Sentou-se mais perto de seus colegas para enfim descobrir que neste momento o resultado da análise microscópica  não era o mais importante e sim que estava “presa por vontade” em sua Bolsa de Estudos.

Sentia um “contentamento descontente” de estar ali, em sala de aula, sabendo que tinha tantas coisas a fazer.

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