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domingo, 6 de maio de 2012

VIDA DE “SUPER-HERÓI - Dinah Ribeiro Amorim




VIDA DE “SUPER-HERÓI”!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Rui, como tantos jovens, gostava de filmes de heróis, salvando mocinhas inocentes de bandidos, livrando cidades de monstros malignos ou extra-terrestres que pretendiam dominar a Terra.

  Não perdia nenhum filme de super-heróis, gostando também de  livros e revistas desses seres imaginários.

  Ficava tudo na sua mente de adolescente desengonçado, desajeitado, não prestando para trabalho nem esporte, mal conseguindo freqüentar a escola.

  Servia muitas vezes de chacota e piadinhas dos colegas porque derrubava as coisas, dava trombadas em postes, caía em buracos, não reparava em nada.

  Num final de semana, foi convidado por uma colega, Soninha, a um baile à fantasia. Era uma das poucas pessoas que acreditava nele e o compreendia. Aceitava-o como era.

  Rui, todo feliz, fantasiou-se de Batman, com máscara e tudo, achando que não seria reconhecido.

  Incorporou de tal maneira o personagem que até sua personalidade mudou. Entrou na festa todo aprumado, elegante, confiante na presença dos colegas, que não o reconheceram.

  Em certa altura da noite, após dançarem, beberem  e comerem, resolveram fazer uma brincadeira: cada um teria que realizar alguma proeza ou imitação do personagem que vestia.

  Rui ficou preocupado. E agora como seria sua atitude ao encarar essa farsa! Batman realmente era um grande herói e ajudado por Robin, ganhava todas as batalhas.

  Quando chegou sua vez, resolveu pular a janela como se fosse correr atrás de alguém que estivesse assaltando a casa.

  Tomou grande impulso, fez pose, saiu correndo sacudindo a capa, como se fosse voar.

  Deu um grande salto, escorregou no tapete, batendo fortemente a cabeça no vidro da janela, que quebrou, espalhando cacos pela sala e jardim.

  Todos riram muito e, sua colega Soninha, preocupada, correu a acudi-lo, ajudando-o a ficar em pé.

  Levaram-no ao quarto para descansar e fazer curativo na cabeça machucada. O rapaz mal se agüentava, de vergonha.

  Quando subiram, Soninha percebeu algo estranho: luz acesa no dormitório de sua mãe e as janelas abertas.

  Foram todos espiar e viram um homem maltrapilho, mexendo nas gavetas, roubando jóias, tudo de valor que encontrava. Colocava dentro de um saco.

  Quando os viu, ficou assustado e correu para a janela que um dos meninos já havia fechado, enquanto outro se dirigia ao telefone, chamando a polícia.

  O ladrão foi preso, os pertences devolvidos e, Rui, olhado com simpatia, como o herói da noite pois, graças às suas trapalhadas, um assalto à casa havia sido evitado.

  Batman agira realmente nele, foi o que pensou...

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