VIDA DE “SUPER-HERÓI”!
Dinah
Ribeiro de Amorim
Rui,
como tantos jovens, gostava de filmes de heróis, salvando mocinhas inocentes de
bandidos, livrando cidades de monstros malignos ou extra-terrestres que
pretendiam dominar a Terra.
Não perdia nenhum filme de super-heróis,
gostando também de livros e revistas
desses seres imaginários.
Ficava tudo na sua mente de adolescente
desengonçado, desajeitado, não prestando para trabalho nem esporte, mal conseguindo
freqüentar a escola.
Servia muitas vezes de chacota e piadinhas
dos colegas porque derrubava as coisas, dava trombadas em postes, caía em
buracos, não reparava em nada.
Num final de semana, foi convidado por uma
colega, Soninha, a um baile à fantasia. Era uma das poucas pessoas que
acreditava nele e o compreendia. Aceitava-o como era.
Rui, todo feliz, fantasiou-se de Batman, com
máscara e tudo, achando que não seria reconhecido.
Incorporou de tal maneira o personagem que
até sua personalidade mudou. Entrou na festa todo aprumado, elegante, confiante
na presença dos colegas, que não o reconheceram.
Em certa altura da noite, após dançarem,
beberem e comerem, resolveram fazer uma
brincadeira: cada um teria que realizar alguma proeza ou imitação do personagem
que vestia.
Rui ficou preocupado. E agora como seria sua
atitude ao encarar essa farsa! Batman realmente era um grande herói e ajudado
por Robin, ganhava todas as batalhas.
Quando chegou sua vez, resolveu pular a
janela como se fosse correr atrás de alguém que estivesse assaltando a casa.
Tomou grande impulso, fez pose, saiu correndo
sacudindo a capa, como se fosse voar.
Deu um grande salto, escorregou no tapete,
batendo fortemente a cabeça no vidro da janela, que quebrou, espalhando cacos
pela sala e jardim.
Todos riram muito e, sua colega Soninha,
preocupada, correu a acudi-lo, ajudando-o a ficar em pé.
Levaram-no ao quarto para descansar e fazer
curativo na cabeça machucada. O rapaz mal se agüentava, de vergonha.
Quando subiram, Soninha percebeu algo
estranho: luz acesa no dormitório de sua mãe e as janelas abertas.
Foram todos espiar e viram um homem
maltrapilho, mexendo nas gavetas, roubando jóias, tudo de valor que encontrava.
Colocava dentro de um saco.
Quando os viu, ficou assustado e correu para
a janela que um dos meninos já havia fechado, enquanto outro se dirigia ao
telefone, chamando a polícia.
O ladrão foi preso, os pertences devolvidos
e, Rui, olhado com simpatia, como o herói da noite pois, graças às suas trapalhadas,
um assalto à casa havia sido evitado.
Batman agira realmente nele, foi o que
pensou...
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