QUANDO A PULGA NÃO
ESTÁ ATRÁS DA ORELHA!
Dinah
Ribeiro de Amorim
Maricota, apaixonada por Toninho, acreditou
na potoca das moçoilas invejosas do lugar que o moço havia batido as botas num
fuzuê havido no botequim da esquina.
Destrambelhada, abestada como era, ao invés
de ir investigar o caso no local, ficou sorumbática em casa, muito jururu, sem
coragem e sustança para tomar alguma iniciativa.
Apesar de Toninho ser um pé-rapado, amava-o
muito e imaginava ser sua esposa há muito tempo.
Sabia que o jovem era aperreado por qualquer
coisa, mas bater o facho em briga de bar era coisa que nunca imaginara.
Vai ver que cutucaram o cão com vara curta ou
atiraram pedras em casa de marimbondos.
Como era muito cabreiro, entrou em gastura e
armou logo um salseiro, terminando tudo em lambança e acabando com a vida.
Maricota quis arrancar os cabelos, andava
feito barata tonta, com a cabeça nas nuvens. Sentia-se com uma corda no
pescoço. Aos poucos, resolveu arregaçar as mangas, não chorar mais sobre o leite derramado.
Arranjou um emprego, saiu de casa e foi trabalhar, ia pôr mãos à obra em sua
vida.
Qual não foi seu espanto quando, de repente,
sem mais nem menos, a primeira pessoa que encontra no caminho era Toninho, vivo,
vivinho, que ia falar com ela, prometer mundos e fundos, marcar casório.
Branca de susto, sentindo as pernas
tremelicarem e o chão fugir, quem teve um saracutico foi ela, gritando a plenos
pulmões e, coitada, indo desta para melhor!
Quem bateu as botas foi ela!
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