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terça-feira, 4 de maio de 2010

MADAME MARIA EVA - CHICO OCOSTA



MADAME MARIA EVA
CHICO OCOSTA


Vários tiros de arma de fogo foram disparados, pei! pei! pei!, era uma madrugada fria, a garoa caia sem parar, a São Paulo de Piratininga estava em pleno inverno de 1970, inclinava-se quem por sorte pudesse ficar um pouco mais na cama. Camelôs e outros desafortunados tinham que se levantar e sair para a luta de mais um dia na busca de alguns vinténs. O dia estava amanhecendo e alguns curiosos sobre o viaduto do chá se debruçavam para ver lá embaixo um grupo de policiais em torno de dois possíveis cadáveres estendidos as margens do rio Anhangabaú.



Antônio Almeida recém chegado da cidade de Jundiaí encontrava-se perdido ao deixar a rodoviária Julio Prestes, depois de andar por mais de meia hora por becos e avenidas se deparou com a tal cena de crimes, o que lhe chamou muita atenção juntamente com outros transeuntes. Policiais falavam via rádio para a central da polícia, dando conta de que um homem baleado e ainda com vida fora levado para a Santa Casa, enquanto uma mulher já estava em óbito. Por isso teriam que permanecer no local até a chegada de alguma autoridade do IML para remoção do corpo. O homem já havia sido identificado, pois se tratava de um pederasta e velho conhecido da polícia, enquanto a mulher bonita de colares vistosos, ainda precisava de alguns detalhes para ser identificada. Eis que dentre todos aqueles curiosos, uma voz surgiu, Senhor Policial! Sou Antonio Almeida, acredito que a reconheci quando um dos senhores levantaram o pano que a cobre. O policial acatou aquela afirmativa, porém com as reservas necessárias, depois o levou para a delegacia, onde ele disse que se tratava de Madame Maria Eva, pessoa bem situada de posses e atuante na vanguarda de alguns cabarés e outras atividades do baixo meretrício de importante região do interior a qual pertencia a cidade de Jundiaí. Antônio Almeida se identificou junto ao delegado como sendo um homem íntegro, e que a conhecia desde quando eram jovens, época em que vez por outra comparecia com seus amigos boêmios para desfrutarem dos prazeres que estes lugares de muita animação proporcionavam. As investigações prosseguiram e depois de alguns meses foram elucidados os motivos que levaram o cafetão Chagas de Cabral cometer os dois crimes.

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