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sexta-feira, 28 de maio de 2010

MARIA FUMAÇA - Isabel Sousa



Maria Fumaça
Isabel Sousa



Foi em uma cidadezinha bem distante que esta figura lendária tomou forma.
Seu nome? Da cidade: Mirandela – da personagem em questão – Maria – vulgo Maria Fumaça.
Vítima de maldição, pois em tempos além de nossa imaginação não se permitia aos seres humanos certos desvios de comportamento. Maria Fumaça tinha um gênio terrível, desde criança punha tudo em alvoroço. Não admitia ser contrariada, ela se achava a rainha daquela cidade sem história.
Destruía flores – sujava a água límpida que escorria pela cachoeira, nela jogava terra – detritos – e, ria quando alguém chorava. O povo dizia que ela soltava fumaça pelo nariz.
Até que um dia o castigo chegou. Maria caiu no rio que cortava aquela cidadezinha agreste.
Ninguém mais a viu. Maldição! Um espírito vingativo a perseguiu e a condenou a vagar por tempo infinito a soltar a fumaça pelas narinas.
Então, todas as noites de lua cheia, Maria perambula pela pacata cidade, e há quem afirme já tê-la visto, é um vulto estranho envolto em fumaça!
O povo diz que as flores aparecem murchas – tristes – apelando para o orvalho da manhã a fim de se revigorarem.
Não sabemos quanto tempo durará tal maldição.
Talvez enquanto o ser humano tiver capacidade de sonhar – inventar – sorrir – contar histórias.
Assim, Maria Fumaça continuará errante nas noites de lua cheia pelos recantos de Mirandela.

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