SACI
Ivonéte Miranda
Zezinho ainda era muito pequeno quando sofreu um acidente de automóvel e acabou por perder a sua perninha direita.
O garotinho negro era de uma família muito pobre e à medida que ele crescia perdia a prótese. Quando isto acontecia, tinha de andar com as muletas, aguardando que sua mamãe conseguisse a doação de uma prótese maior.
Zezinho freqüentava a escola do bairro e na sala de aula, por vergonha, deixava as muletas encostadas na parede e saia pulando em uma perna só.
Foi daí que seus colegas passaram a chamá-lo de Saci.
Não bastasse o apelido, os meninos do colégio inteiro davam risadas quando Zezinho passava pulando.
Zezinho sofria com o apelido que lhe deram, chorava e já não queria ir para a escola.
Sua mãe ficava aborrecida com o sofrimento do filho, até que naquela tarde viu na televisão que outras crianças eram vítimas do chamado “bullying” e que existiam campanhas para acabar com isto.
Foi então que a mulher sentiu coragem de ir conversar com a diretora do colégio e contar o que estava acontecendo.
A diretora falou que não sabia do ocorrido, mas que iria tomar providências sérias para que ninguém mais chamasse o Zezinho de Saci.
A mãe contou para o Zezinho que esteve com a diretora, garantindo a ele que podia ir para a escola, pois não iria mais ser ofendido.
Dois dias depois, quando Zezinho ainda estava no portão do colégio, um colega se aproximou dele e pediu desculpas por chamá-lo de Saci.
Dali por diante, nunca mais o Zezinho foi chamado de Saci.
Assim, todos os alunos daquela escola aprenderam que é muito feio ofender ou magoar os outros.
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