BLOG NOVO: CONTOS DO ICAL


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Mundo invisível - Daisy Daghlian



Mundo invisível
 Por: Daisy Daghlian

Sininho, morava  no quintal da casa do Seu José, perto do muro que ficava no fundo do terreno, mais ou menos perto da quinta laranjeira dentro de um pequeno buraco.

 João, filho do Seu José ia lá de vez em quando e a confundia com um vaga-lume  estranhamente colorido e que soltava um pozinho esquisito que o fazia espirrar. Sininho adorava o garoto e, sem que ele percebesse o seguia por todo lado.

Ela era pequena, corpo perfeito,  cabelos dourados, boca rosada, asas translúcidas que brilhavam muito quando eram  agitadas, rápida e ágil, ninguém conseguia perceber sua presença sem que ela quisesse. Além de tudo, ciumenta e possessiva.

Certo dia notou  que  João estava diferente, todo arrumado, perfumado e até penteado  falando toda hora no celular, mas ela não entendia muito bem a linguagem dele. Quando ele saiu de casa, ela o seguiu.

Ele entrou num ônibus, ela quietinha no ombro dele, rodaram uns quinze minutos e João tocou o sinal para descer. Para encanto de Sininho, tinham chegado em um parque. Sininho leu no portão, Parque do Ibirapuera. Ela queria voar, olhar as árvores, as flores, os passarinhos, mas, algo a segurava perto de João. Ele sentou num banco e olhava o relógio toda hora, batia o pé no chão, estava muito impaciente, até que abriu um sorriso bem grande. Quando a fada olhou na direção do sorriso e viu que uma garota magrela, desengonçada, horrorosa que vinha na direção deles com os braços estendidos, ficou furiosa. Antevendo que seria um ataque da magrela,  decidiu atacá-la primeiro. A garota não sabia o que se batia nela,  pensou que fosse uma abelha e defendeu-se jogando o corpo pra esquerda, a fadinha em nova investida trombou com a menina que num movimento rápido jogou Sininho contra o tronco de uma árvore e ela caiu quase desmaiada escorregando até as raízes.  Meio tonta tentou se levantar e  sentiu que alguém tentava ajudá-la, abriu os olhos rapidamente  e viu que um duende de expressão muito enfezada e ao mesmo tempo solícito  lhe dava a mão para ela levantar.  Sininho, aceitou a ajuda   meio  encantada e ao mesmo tempo intrigada. Num segundo  examinou o duende dos pés a cabeça. Ele era quase tão pequeno quanto ela, fofinho e apesar da braveza tinha cara de bonachão. Ela só não entendia o que um duende acostumado a viver em grutas escuras ou em cavernas fazia naquele parque. Ele  também maravilhado, pensava: o que essa fadinha está fazendo aqui?
Quem é você? O que faz aqui?  Perguntou, antes de agradecer a ajuda que ele lhe dera.

Vermelho de vergonha apresentou-se:  - sou Deco,  moro no porão da casa da Gigi - disse apontando para a garota que estava com João -  e  como ela é muito levada eu a sigo por toda parte.  Sininho até tinha se esquecido do casal.  E você quem é?  - Deco perguntou.

Sininho contou sua estória  e charmosa ainda acrescentou  que era uma fadinha especial, pois podia voar, tinha uma varinha de condão, que iria viver para sempre e, que estava encantada com ele.

Deco por sua vez, muito sério, a examinou minuciosamente, seu coração batia descontrolado, queria tocar em Sininho, nunca havia sentido aquilo antes.

A fada  ficou eufórica, pela primeira vez teria com quem conversar, não tinha percebido até aquele momento o quanto estava só.

Aos poucos os dois foram se aproximando.  Trocaram muitas confidências.

De mãos dadas, foram examinar o parque,  lugar que escolheram para morar.


Nenhum comentário: