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quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Ao pai que não tive - Suzana da Cunha Lima
Ao pai que não tive
Suzana da Cunha Lima
Pai, tu fostes tão cedo...
Será que ias ficar com o cabelo bem branquinho,
Andando de bengala, claudicante,
Talvez sisudo e um tantinho implicante?
Penso que não... Mesmo velhinho,
Ias continuar atento e curioso,
Eras cabeça aberta, meu pai
Penso que depressa desvendarias os segredos da Web.
e dominarias as manhas do computador,
a ponto de ainda ensinar aos teus netos.
E com eles disputar joguinhos e vídeo-games,
fazer amigos nas redes sociais e explorar
Como ninguém, o mundo virtual.
Mas o destino não quis assim e hoje apenas
imagino como seria,
um sonho vão que jamais se realizará.
Pai, fostes cedo demais: não chegastes sequer a ver tua menina ir se tornando moça
E desabrochar como mulher. Não me conhecestes grávida,
Carregando no ventre um neto teu, e um varão, como tanto desejavas...
Como serias como avô, meu pai? Pois tens treze netos
E são todos saudáveis, fortes e belos.
Mas foi-te roubada a alegria de vê-los nascer e crescer
Como a mim roubaram o direito de ter um pai,
Ainda tão criança...
Como faz falta um pai...
Me tornaram órfã muito cedo.
E muito cedo aprendi o que é saudade,
Pior ainda, o que é a falta sem remédio,
A dor sem compaixão, um vazio que nunca se preenche,
Uma risada que nunca mais se escuta.
Perdi aqueles braços fortes que me colocavam lá no alto.
Tão alto que eu me sentia um gigante. Lá naquele lugar,
Onde o mal nunca nos alcança, onde tudo é possível,
Onde as lágrimas se enxugam e só existem certezas e esperanças.
Aquele lugar onde apenas os pais conseguem colocar seus filhos.
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