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sábado, 27 de março de 2010

FLOR DO MANDACARU - Sheila Barbosa



FLOR DO MANDACARU
(Sheila - título proviosório))

Severino Olegário morava com sua família no Rancho Sabiá, localizado no distrito de Vila Sipaúba, cidade de Bodocó, Pernambuco, casado com Josefa Marinalva, com quem teve duas filhas Maria e Joana.

Antes de conhecer Josefa, ele trabalhava como cortador de cana em uma fazenda situada no distrito vizinho de Vila Feitoria. Ela mulher de fibra, honesta e batalhadora, filha de trabalhadores do campo, bonita e de personalidade marcante, conquistou Severino que com ela quis constituir uma família.

Ao unir-se em matrimônio decidiu que não trabalharia para mais ninguém. Não queria continuar trabalhando para enriquecer ainda mais o rico.

Após o enlace, moraram por algum tempo na casa dos pais dela, Seu Juarez e Dona Marta, até Severino comprarem um rancho onde fariam lar. Definiu então como objetivo de vida ser agricultor.

E diante da sua realidade, pensou então em usar isso a seu favor. Josefa ao ouvir as idéias do marido ficou com receio, mas logo aderiu.

Com essa idéia fixa iniciou sua labuta procurando terra para arrendar. E por incrível que pareça o mais difícil para ele não eram os valores que os proprietários pediam pelas terras, mas encontrar uma que fosse produtiva, pois em meio àquelas terras secas do nordeste, se conseguisse encontrar boa terra venderia até a alma para comprá-la.

No entanto, entre a vegetação típica do Sertão nordestino, a caatinga, existem diversos tipos de plantas, sendo uma delas o mandacaru, um tipo de cacto, que pode ser considerado como um reservatório natural de água. O mandacaru também é resistente à seca, mesmo das mais fortes.

A atividade econômica predominante da região é a pecuária, mas não queriam cuidar de bichos. No rancho havia grande quantidade de mandacaru que também é muito utilizado para a alimentação de gado, principalmente na época de estiagem. Iniciaram assim seu próprio negócio fazendo ração para gado a partir do mandacaru.

Logo vieram as gêmeas Maria e Joana, alegrias da casa. Meninas espertas, curiosas e muito inteligentes. Quando cresceram passaram a ajudar os pais no plantio do mandacaru, mas sem abandonarem os estudos, disso Severino e Josefa não abriram mão, pois embora os negócios estivessem indo de bom para melhor, continuava sendo roça.

Maria e Joana adoravam ver as flores do mandacaru brancas, muito bonitas e medem aproximadamente trinta centímetros de comprimento. Os botões das flores geralmente apareciam no meio da primavera e cada flor durava apenas um período noturno, ou seja, desabrochavam ao anoitecer e ao amanhecer já começavam a murchar, por isso para verem a flor tinham que permanecer acordadas noite adentro.

Mas sempre valia a pena, pois cada vez que isso ocorria era a manifestação de Deus na terra. E assim foram levando suas vidas, sempre unidos em qualquer situação.

Mandacaru

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