O Acampamento
DaisyDaghlian
No feriado da páscoa, fomos acampar em Campos do Jordão. Como era de praxe minhas irmãs Carol, Juliana e eu ficamos no mesmo alojamento que fica ao lado do lago. Pedro, Rogério e Gustavo, meus primos, ficaram no alojamento perto da mata.
Este tipo de viagem era sempre delicioso, tínhamos muitas atividades durante o dia, nadávamos, escalávamos montanhas, mil brincadeiras inventadas pelos monitores.
À noite, após o jantar, sentávamos ao redor da fogueira, tocávamos violão cantávamos, e conversávamos muito entre piadas, brincadeiras e muitas risadas.
Certa noite, Carol inventou de fazer a brincadeira do copo.Fomos para o alojamento dos meninos, e preparamos a mesa com o copo e os papéis com as letras. Ríamos muito, ninguém estava levando aquilo à sério. Pusemos o dedo em cima do copo. No começo eu empurrei o copo, deliberadamente.
Para com isso Tati, vamos fazer da maneira correta, gritaram todos. Antes de retornarmos à brincadeira, Gustavo, que adorava inventar histórias, começou a contar que naquele lugar onde estávamos, um casal em lua de mel havia sido morto e, que toda sexta feira à meia noite eles voltavam à procura do assassino. Que ele já havia presenciado a aparição, era assustador, choravam muito, gemiam e sacudiam quem estivesse por perto para saber quem praticara o delito, queriam vingança.
Já com medo, colocamos o dedo no copo, ele girou e girou, sem que ninguém empurrasse começou a formar as palavras, um vento gélido percorreu o aposento.
Sou o médico assassino, vim aqui para roubar a alma e o coração de vocês, escreveu Rogério, que estava anotando as letras, fui eu que assassinei aquele casal em lua de mel, queria o coração deles, assim como mataram meu filho e levaram seu coração. Morri de tristeza e desgosto.
Ficamos estarrecidos e paralisados. O copo continuava a se mover, ao mesmo tempo, uma faca que flutuava no espaço dava golpes no ar, livros, roupas e cds começaram a cair fazendo muito barulho. As venezianas das janelas se abriram e batiam contra a parede fazendo um barulho ensurdecedor. A luz apagou.
Levantamos quase ao mesmo tempo, tentamos abrir a porta, parecia emperrada, forçamos bastante e saímos numa correria desembalada, em pânico. Penetramos na mata, escura como breu. As árvores frondosas pareciam fantasmas no meio da bruma. Nesta hora, o sino do refeitório tocou, 12 badaladas. Como por encanto um coral de mulheres com velas nas mãos surgiu cantando uma melodia muito alegre e convidativa, como a indicar o caminho que devíamos seguir, não tínhamos outra opção, acompanhamos a música e caímos dentro do lago. Pedro e Rogério começaram a nadar nós os seguimos, estávamos longe dos nossos chalés. Horas depois, foi o que pareceu, chegamos. Tiritando de frio, apavorados, famintos e muito nervosos. Os monitores correram para nos ajudar, o acampamento estava em rebuliço. Estavam à nossa procura a horas. Com a voz entrecortada e soluçante, contei o acontecido.
Manchete do Notícias Populares:
Médico Assassino confessa ter arrancado os corações do casal em lua de mel
Nenhum comentário:
Postar um comentário