O baile de máscaras
Daisy Daghlian
Cheguei ao baile as 11 horas como havia combinado com a turma. Estava eufórica, minha fantasia de papagaio me deixou irreconhecível. Entrei no salão e fiquei admirada com as luzes que brilhavam, máscaras incríveis nas paredes, pierrots, colombinas e outras tantas. Instrumentos musicais, completavam o quadro com muita cor e brilho.
A música ecoava vibrante e alegre, ao som das velhas marchinhas, todos brincavam pulavam e dançavam jogando confete e serpentina uns nos outros.
Fui dançando e entrando já contagiada pelo clima, procurando descobrir os amigos naquele emaranhado de máscaras e fantasias umas mais estapafúrdias que as outras.
Não reconheci ninguém. Dancei com uma coruja, um marinheiro, um leão, estava me divertindo muito e ao mesmo tempo me sentia só. Com a música às alturas não dava nem para trocar algumas palavras com o companheiro ou companheira, sabe-se lá com quem eu estava dançando. Senti sede. Fui até o bar pedi um refrigerante, não dava para tomar cerveja com o canudinho devido ao meu bico, a fantasia era muito desconfortável, estava suando em bicas, felizmente não dava para ninguém ver. Que idéia a minha, estava incógnita mesmo e ninguém ia se interessar por mim. Comecei a ficar grilada. Rodei meu anel umas dez vezes. Puxa vida esqueci de tira-lo.
Como iria encontrar o Marquinhos, a Mara ou a Thaís no meio daquela balbúrdia toda.
O jeito era continuar dançando e cantando com quem viesse ao meu encontro e aproveitar aquela festa da melhor maneira possível.
Foi o que fiz. Dancei com um Dom Juan gordinho e suado, um pirata que pareceu ser mulher, um fantasma que dava gargalhadas irritantes, entrei num cordão que foi me deixando zonza e, continuava eu comigo mesma, estava começando a ficar injuriada.
Já eram 3 horas da madrugada, achei uma mesa com cadeiras vazias, não tive dúvidas, me joguei numa cadeira e lá fiquei um tempão descansando e me lamentando, fechei os olhos, creio que até cochilei um pouco, quando reabri os olhos, vi que tinha companhia. Sentados e me observando estavam um elefante, uma abelha e um palhaço. A abelha, que mais parecia um zangão,levantou-se e veio me abanar com um leque de penas de pavão, foi engraçado e refrescante, disfarçando a voz agradeci, ela resmungou alguma coisa inteligível para não ser reconhecida, mas já havia percebido a mesma me seguindo pelo salão. O elefante pegou na mão do palhaço que pegou na mão da abelha que pegou na minha mão e fomos dançar todos juntos. Foi divertido.
O mais estranho é que eu estava sendo atraída por aquela abelha gentil, a mão dela, apesar das luvas, eram grandes e calorosas, pareciam mãos de homem, não eram as do Marquinhos ou do Júlio, meus amigos mais chegados.
O palhaço largou a mão da abelha e foi dançar com o elefante. A abelha me abraçou e ficamos dançando o resto da noite como se estivéssemos ouvindo uma canção romântica e não aquela batucada ensurdecedora.
Cinco horas. O baile quase terminando. Havia combinado com a turma, tiraríamos as máscaras perto do chafariz no jardim. O pessoal foi chegando, éramos dez , com a abelha que não me soltava onze. O fantasma tirou a máscara, só podia ser o Gugu, O elefante era, vejam só o Marquinhos, o palhaço a Marilda, o leão o Reinaldo, e assim fomos nos despindo das fantasias, quando tirei a minha ninguém acreditou que era eu mesma, Priscila.
Rodeamos a abelha, Sérgio, nosso ex professor de história, apareceu causando impacto em todos, principalmente em mim, que além de acha-lo inteligente e culto tinha uma certa queda por ele.
Rimos muito, aos poucos todos foram voltando ao baile. Ficamos os dois, olhos nos olhos, sentindo um carinho imenso um pelo outro. A abelha, agora Sérgio, pegou novamente na minha mão e juntos sentimos que este era o início de um grande amor.
Um comentário:
Parabens Dayse. Lindo conto.
Anna Blan
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