A viagem
Daisy Daghlian
Marina estava feliz com seu namoro de mais de ano. Um namoro que começou quase sem querer dentro de uma confusa loja de departamentos num shopping paulista. Naquele mesmo dia foram ao cinema, jantaram juntos e marcaram outros tantos encontros deste então. Coincidentemente eram da mesma cidade e frequentemente iam à São Paulo. Ela era dona de um escritório contábil, ele gerente de uma empresa de informática no centro da Atibaia
A moça estava eufórica esperando Pedro, iam viajar no feriado prolongado. Seu rosto moreno bem tratado estava sorridente. Parada em frente ao Teatro Lê Paradis ao lado de seu escritório, onde marcaram de se encontrar, Marina conferiu a mala ao seu lado e a frasqueira marrom onde levava sua maquiagem. Viajaria para qualquer lugar do mundo, mas nunca sem seus cosméticos.
Lá vinha ele, um pouquinho atrasado, mas certamente se desculparia, e ela o perdoaria. Amava Pedro o bastante para pensar em relacionamento mais sério, em filhos talvez.
Ele estacionou calmamente, a beijou com carinho pedindo desculpas pelos quase dez minutos de atraso, e depositou sua bagagem no porta malas. Depois, num ato de cavalheirismo costumeiro, abriu a porta do passageiro e a ajudou sentar e afivelar o cinto. No banco de trás uma caixa de presente com laços dourados chamou sua atenção, mas tentou não demonstrar curiosidade preferindo aguardar, pois com certeza o presente era para ela.
Na estrada movimentada o rádio falava de amor em letras cantadas por Roberto Carlos. São Sebastião foi a primeira praia que visitaram juntos quando tinham apenas dois meses de namoro, e somente agora, um ano depois, estariam voltando à convite dos amigos Renato e Celia, que lá moravam.
A casa acolhedora e moderna tinha uma varanda larga voltada para o mar. Os dormitórios no andar superior ofereciam uma vista panarâmica do lugar. Renato estudou com Pedro na faculdade, fizeram intercambio juntos na Carolina do Norte, e nunca se sepraram.
Não passava das dez da manhã quando chegaram à casa, e trataram de aproveitar o dia indo à praia antes do delicioso almoço preparado pela Dona Chica. À tarde um passeio de barco pela baía fez Pedro se espantar com o crescimento da cidade. Aproveitaram para pescar em auto mar, mas somente Marina e Celia trouxeram pescados. Os homens, tinham tanto a conversar que não se dedicaram à pescaria. Voltaram ao entardecer. Enquanto Renato guardava as tralhas, Celia entrou para tratar dos peixes. Marina então sentou-se na pedra do pontal para apreciar o inesquecivel por-do-sol daquele lugar.
O horizonte ia aos poucos engolindo o sol, que se avermelhava como se dissesse adeus. A paisagem era deslumbrante. Num súbito Pedro chega, sorrateiramente, ao lado de Marina. Tinha aquela caixa de presente nas mãos. Ela sorriu como se nunca a tivesse visto antes. Curiosa perguntou o que era. E ele disse que ela saberia se abrisse a caixa. Os dois se abraçaram entre risos de romantismo. Marina puxou o laço devagar como se aquilo a ajudasse absorver o momento. Dentro da caixa, uma outra caixa bem pequena elegantemente embrulhada. Ele então a ajudou soltar o papel que envolvia o presente, e juntos a abriram . O conteúdo a surpreendeu e a fez soltar um pequeno grito de alegria. Um lindo par de alianças estava ali diante dela dizendo tudo que Pedro gostaria de dizer, e o que ela gostaria de ouvir. O rapaz aproximou a boca de seu ouvido dizendo baixinho: Vamos casar ?
Inflamada pela emoção do momento Marina o beijou apaixonadamente como resposta ao seu pedido.
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